Foram colocadas como objeto de estudo da semana o personagem "Armandinho" e seu amigo camilo. No primeiro cartum, duas crianças andando de bicicleta. Nada que a racionalidade apontasse como absurda ou incoerente - até o menino Camilo ser questionado sobre a veracidade de ser dono de sua bicicleta. Ao pedir a nota fiscal, o policial induz Armandinho ao questionamento da própria vivência, e gera nele o desconforto de quem não sabe o por que de tal ação. Para Camilo, visto sua experiência de situações anteriores, não usou a razão para questionar o por que de tal indagação, mas lhe entregou logo a nota fiscal. A antecipação do pensamento, vinda do policial, concluiu que o menino podia não ser dono da bicicleta. Nessa situação, diversos pensamentos são confrontados, mas todos levam ao mesmo ponto : todas as pessoas da tira ( Armandinho, Camilo e o policial) tiveram que repensar suas convicções, embasados na sua própria experiência e naquilo que lhes era posto como verdade.
Na segunda tira, Armandinho convida Camilo para correr, mas este nega o convite e diz que não pode já que tem um policial por perto. O estigma do negro na sociedade é a antecipação da mente - em minha opinião - mais cruel e irracional que existe.
A resposta de Camilo " não é seguro para mim" e a imagem de ao lado do policial uma pessoa branca, demonstra a falha do pensamento crítico de toda uma sociedade embasada no senso comum. Seguí-lo é muito fácil- " todo negro é favelado e ladrão"- o desafiador é sair da zona de conforto de uma sociedade de racismo velado e questionar metodicamente como Descartes a autenticidade do pensamento produzido por terceiros. Uma sociedade só se transforma se a razão tiver funcionalidade e ousar discordar do que lhe é imposto como verdade.
Maria Júlia Fontes Fávero- Direito Matutino
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