Total de visualizações de página (desde out/2009)

terça-feira, 26 de março de 2019

Induzido às arestas

Vive-se hoje no diálogo entre Camilo e Dinho. Agrega-se faltas biológicas a entes diferentes, a ponto de que se obrigue as estes carregarem provas de moralidade e que, privando o ato mais lépido, instaure uma sensação de segurança homogênea; a visão monocromática do branco agrada mais. Contudo, induzido aos reais axiomas por Bacon e convencido, por Descartes, ao império da dúvida, notas ficais e impedimentos corriqueiros parecem crassos delitos à razão.
Imbuído de um espírito aventureiro, a busca pela verdade leva o filósofo francês a conhecer todas as arestas de mundo, todas as disparidades de pele, cor e pensamento que o fez viajar em si mesmo e criticar suas próprias bases a ponto de instaurar o império da dúvida. Como se pode existir segundo Descartes? Pela certeza de que a dúvida cria vida, pela espontaneidade do pensar. E se os preconceitos são tão fortes que se questione a moralidade do ser alheio, a lógica de pensar e, portanto, existir cai por terra; o questionamento deve ser privado, para que nele se alcance as arestas, o ser diferente que existe por si só. Notas fiscais atestam a morte do eu, por não haver a busca pelo intrínseco e sim, pelo aparente na face de outrem.
Já em terras britânicas, pode-se absorver a brilhante base da indução, sempre próxima e nunca pré-concebida. A filosofia baconiana instaura que a experiência nua é cega e as noções passadas, néscias. Logo, o senso comum de demarcação de perigo é perigoso em si mesmo, pois se a base experimental está na observação distante do outro, o axioma nunca é perfeito e o preconceito reina. A indução é imperativa, deve-se se sentir de perto uma realidade alheia, pra que simples atos como uma corrida não pareçam disparates à ordem pública.
Ser cartesiano não significa ser exato, significa ser objetivo nos juízos, para que ídolos da tribo humana não ofusquem a razão.  Existem inúmeros Camilos no presente, que perdem o direito ao tato da vida pois filósofos teatrais criaram ídolos nos fundamentos da sociedade e tiraram a dúvida da mente social, acreditam sempre estarem certos em seus preconceitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário