O século XIX
foi marcado por diversos acontecimentos de grande expressão na história, tanto
na moderna, quanto o que veio desencadear na contemporânea, como a revolução
industrial. Pode-se afirmar, ainda, a existência de pensamentos que ditaram
rumos a sociedades inteiras, bem a exemplo do pensamento idealista de Hegel,
quanto a Alemanha. Também, durante esse século, Marx e Engels foram figuras
expressivas junto à filosofia que empregaram. O Socialismo. Por consequência,
teve-se de forma clara uma espécie de maniqueísmo quanto posições políticas, no
âmbito delimitado entre esquerda e direita.
A sociedade
alemã na qual tais pensadores estavam inseridos encontrava-se, primordialmente,
estratificada, entre classe operária e classe burguesa, que possuía os meios de
produção. Nisso, a prevalência do materialismo dialético faz-se real. Tudo gira
em torno daquilo que o homem faz. O homem faz o meio; o trabalho é inarredável
a ele. A classe detentora dos meios emprega o proletariado, esse por sua vez
produz para a burguesia. Conclui-se que quanto mais o proletário produzir, mais
será rentável ao burguês, que fará o proletário produzir coisas cada vez mais
longe de seu alcance. Logo o proletariado encontra-se alienado em uma suposta
situação de conforto em que busca apenas ter como sobreviver e esquece que
passa por tal exploração. Contudo, a sociedade, por influência do pensamento
idealista, não se atentava ao que Marx viria a criticar, isto é, a ausência de
atenção quanto a força de trabalho impregnada pelo operário para produzir ao
empregador.
Com isso,
para Marx e Engels, o fim da exploração da classe dominante, a classe
trabalhadora deveria promover a ruptura dessa condição, de forma racional.
Logo, o conceito de luta de classes se promove de forma verídica como sendo o
motor da história, onde quem é dominado quer dominar e quem domina quer
continuar dominando.
Tal filosofia
crítica faz valer ressaltar as condições primitivas em que a sociedade se
encontrava. Cargas horárias intermitentes, pouco tempo de almoço, sem férias,
rígida disciplina, baixos salários, grande parte dos indivíduos analfabetos e o
estado em que a maioria das pessoas se encontravam era de pobreza. Enquanto
isso, em contrapartida, uma minoria encontrava-se com maior parte da renda, no
caso, os donos de fábricas.
Em um cenário
semelhante ao da Alemanha no século XIX, com a desconfiguração de direitos
fundamentais, a sociedade brasileira vigente encontra-se em condições análogas à
citada. É notável, ainda, que a polarização entre ideais liberais de esquerda e
conservadores de direita estão cada vez mais salientados, e, por consequência,
deturpados. Junto disso, a reforma das leis trabalhistas, pouco cabíveis, e a
proposta do novo ensino médio, que aparenta afastar cada vez mais o estudante,
sem condições de pagar uma universidade privada, do ensino superior no compasso
que o projeta ao ensino técnico, abre à compreensão que a sociedade brasileira
do século XXI se assemelha a primitiva capitalista alemã do século XIX.
Ademais, é
possível ver que um ponto que se faz verídico na tese de Marx e Engels é o que se
atenta ao fato de como as condições materiais determinam as relações na
sociedade capitalista. A direita atual se promove com propostas conservadoras -
muitas vezes fundamentada em ideais religiosos, bem como a maior parte da
bancada evangélica, que por sua vez acaba por se aliar a propostas
essencialmente ligadas ao viés capitalista esquecendo as necessidades do ramo
social que o move - acaba por dar legitimidade a já citada proposta de reforma
de leis trabalhistas. É claro que nem todo ramo dessa ideologia se baseia em
preceitos religiosos. Contudo, Marx essencialmente critica o que a ideologia
religiosa pode vir a causar quando atrelado a isso. Alienação, isto que é
proposto por ela. Para ele, criada pelo homem, promove uma espécie de conforto que
gera estagnação de quem está por ser explorado pelos agentes do sistema
capitalista.
Tendo por
outro lado os movimentos de esquerda na busca por implantações de políticas sociais
em sua essência, influenciados pela doutrina marxista, o já citado cenário de maniqueísmo
se completa. Há, ainda, no Brasil, a estratificação entre o operário e o
empregador, que em maioria seguem em distinção tais orientações políticas.
Em suma, há
uma crise de representatividade no que se relaciona aos padrões esquerda e
direita, uma vez que, ao que tudo indica, acabam por ficar cada vez mais
extremos. É perceptível que a manutenção do status quo da sociedade brasileira
atual possui antigos embasamentos. Assim, se reforça, ainda, que a história tem
por repetir sua luta de classes de tempos em tempos, a exemplo do que ocorre na
classe dominante e na classe dominada na atualidade brasileira.
Pedro Henrique Lourenço Pereira - Direito - 1º Ano Diurno
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