Ídolos.
No dicionário seu significado é algo ou alguém que representa uma divindade
adorada, a quem dirige-se louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente. Por
essa percepção até um programa de televisão foi criado com esse título afim de
escolher um artista a ser adorado, um ideal, um divino, uma mentira.
Francis Bacon, por sua vez, via
diferentemente(?) a definição de “ídolos”: falsas percepções do mundo. Os
ídolos da tribo seriam os que interferiam no discernimento humano por meio de
emoções como a paixão ou o amor; os da caverna afetariam os homens através de
leituras e discursos de alguém que respeita e admira como por exemplo um
político; os do foro remete-se às relações sociais entre os indivíduos como
ocorre no comércio e tais associações, por meio da comunicação, bloqueariam o
intelecto; por fim, há os ídolos do teatro, os quais muito se assemelham ao
sentido usado pela massa, pois seriam representações teatrais como se algo ou
alguém fosse mágico e acabam em equívocos e superstições.
Ídolos em ambas épocas apresentam
conflitos e semelhanças, uma vez que quando há a escolha de alguém para
idolatrar e ser “seu ídolo” há a renúncia de pensamento crítico e por muitas
vezes bloqueia-se o discernimento, não permitindo ver tal paixão como realmente
ela é, na sua verdadeira forma e defeitos.
Os conflitos entre épocas vão muito
além de definições camaleônicas e Descartes explicita em sua obra “Discurso do
Método” o que sentia lendo autores anteriores a ele. Além de enumerar os
princípios básicos da razão científica, diz que quando lia livros antigos ele
realizava uma viagem, pois com um pé no hodierno e outro no passado não seria possível
mergulhar em uma boa leitura. Por isso, é preciso voltar ao pretérito e
abandonar o presente e como ele próprio questiona o sentido do conhecimento
para os antigos e modernos é outra.
A busca por fins práticos para transformar a
natureza a favor do homem seria a principal utilização da ciência e Bacon
também passa por esse mérito, refletindo sobre as abstrações não servirem para
o bem-estar da humanidade. A dinâmica e a inovação são ideais para a produção
do conhecimento e o avanço é garantido pelo sentido de infinidade: se sempre
haver algo além, algo a mais a ser descoberto e pensado, a viagem, passado ou
futuro, será benéfica.
Rayra Faria - 1º ano Direito diurno
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