O século XXI vem sendo caracterizado como um século de mudanças
profundas e significativas, portador de uma realidade ímpar. Isto é, a
humanidade vive um período em que as mudanças ocorrem em velocidade
ultrassônica, ontem os computadores ocupavam salas inteiras, hoje cabem no
bolso, portanto ao homem contemporâneo cabe adaptar-se ao seu tempo, mudar
junto a ele, empreender, ou seja, utilizar a razão para construir e solidificar
algo novo e único. Aos indivíduos é cobrado o uso da razão e do senso, a dupla que
Descartes considera único fator que distingue os homens dos animais, mas como
fazê-lo de maneira válida em meio a tantos ídolos, bloqueadores da razão, como
apresenta Francis Bacon, criados pelo próprio capital, um dos principais
símbolos regentes da atualidade? Uma questão no mínimo paradoxal que norteia a
vivência no século recém inaugurado.
A resposta aparenta estar na própria proposta de Bacon, o “Novo Método”,
em que o pensador propõe o empirismo como meio de busca pelo conhecimento, como
um uso válido da razão, uma vez que a razão por si só pode levar ao engano, a
deduções falsas ou genéricas, justamente a falha que o inglês aponta no
pensamento grego clássico. O olhar mais de perto conecta a razão com a
realidade, resultando em respostas e análises mais profundas e verdadeiras
desta, fazendo com que a ciência passe a ser útil à construção da sociedade, em
um ponto de convergência com Descartes. A exemplo disso, tem-se o Direito
Moderno pautado em uma ética do ponto de vista do funcionamento social,
formatado por seus estudiosos e aplicadores que o transformam guiados pela
sociedade a qual se aplica e razão, apresentando uma filosofia restitutiva e
objetivando manter a ordem vigente para o bom funcionamento do sistema,
finalidade exposta anteriormente.
Entretanto, não basta tais proposições, o uso da razão, o fazer ciência,
é ainda refém dos ídolos, o intelecto humano recebe influência das emoções e
das vontades, podendo criar a ciência que se deseja, o que constitui uma ameaça
ao verdadeiro saber. Depreende-se daí a concepção de Descartes de que a
diversidade do conhecimento se origina devido a divergência de pensamentos e
diferentes coisas a se considerar, construindo um saber humano plural.
Portanto, cabe ao homem, empreendedor, afastar-se de seus ídolos e aproximar
razão e realidade para fazer a boa ciência, resolver o paradoxo em que a
atualidade o colocou.
Felipe Cardoso Scandiuzzi - 1ª ano - Direito
Matutino
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