Filósofos marxistas como Vladimir Safatle e Slavoj Žižek fazem duras críticas à certos comportamentos e idéias da esquerda contemporânea quanto sua “petrificação no discurso”, fruto de uma incapacidade de se adaptar à plasticidade da política, sendo um possível sintoma do uso de um discurso ortodoxo que, “congelado no tempo”, não observa a dinâmica da vida social, representação política, e a própria condição material dos trabalhadores. Não se trata apenas de boa vontade para melhorar a condição material dos trabalhadores através da reprodução, sem a devida análise metodológica utilizada pelos próprios autores da obra, de ideias de discursos inflamados e afirmações de inevitabilidade histórica. Ambos os autores falam, cada um de sua maneira, na necessidade de intensa reflexão que deve preceder a práxis revolucinária. Safatle fala de uma necessidade de pensar antes de agir porque essa é a única forma de tomar uma ação que não foi decidida de antemão pela sociedade capitalista. Sobre isso Žižek afirma que ,se a formula marxista dizia que “filósofos somente interpretam o mundo. A hora é de mudança”, talvez hoje deveriamos dizer que “O mundo mudou muito rapidamente. Devemos interpretá-lo novamente”.
Não se trata de esperar passivamente, mas de estar preparado. A esquerda não pode estar despreparada ao tomar o poder. Ela deve saber mais do que o que ela simplesmente “não quer”. Ela deve também entender o que ela “quer”, afinal, há o dia após a revolução em que precisará ser edificada uma nova sociedade com mais do que uma promessa de um mundo mais justo, mas que tenha a capacidade técnica de, de fato, realizá-la.
Lucas Aidar da Rosa
Direito Noturno
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