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segunda-feira, 20 de julho de 2015

A Mais Valia no prato: PIZZA HUT



Dada à liberdade de gêneros textuais que esse blog permite, para o post dessa semana compartilharei uma experiência pessoal que desenvolvi no mercado de trabalho, desempenhando a função de garçonete durante alguns meses do ano anterior a minha estrada nessa universidade. A empresa em que trabalhei é a mencionada rede de fast-food acima, Pizza Hut.
Diversos aspectos poderiam ser citados dessa experiência, entretanto, o relevante para o desenvolvimento desse texto é demonstrar empiricamente por meio delas que determinadas características presentes não somente nessa empresa, mas em todas de modo geral, um ponto da teoria marxista que está presente no manifesto comunista: a mais valia.
De modo técnico, a mais valia é o valor excedente gerado na mercadoria, que é produzida pelo trabalhador e não é repassada ao mesmo, servindo para a acumulação do capitalista, ou seja, o lucro.
Para demonstrar o quanto a mais valia esta imbuída no sistema operacional e mercadológico dessa referida empresa, apresentarei fatos que demonstram o quão grande é esse excedente.
Uma pizza no sabor Supreme (carnes bovina e suína, pepperoni, mozzarella, champignon, pimentão e cebola), custa em média, na unidade em que trabalhei (center norte - SP) cerca de 72 reais. Em contrapartida, meu salario girava em torno de 3,40 a hora (o regime horista é o normalmente usado na contratação de funcionários para redes de fast food).
Trabalhando 10 h por dia, (uma jornada de trabalho considerada normal, apesar de sua extenuante duração) seis dias na semana, quatro semanas no mês, eu obtinha uma renda mensal bruta de 816, 00 (sem forem colocados nessa conta o valor em impostos, os descontos ligados ao seguro, vale-transporte e alimentação, esse valor se reduziria facilmente em cerca de 15%). Ou seja, este era o valor total que era mensalmente gasto com a minha mão-de-obra.
Além da mão de obra, existem outros aspectos que a maioria acredita serem de grande impacto no valor total liquido arrecadado pela empresa, no sentido de diminui-lo, como por exemplo, os gastos relacionados à compra de matéria prima e que por isso interfeririam nessa acumulação de capital.
Toda via, faz-se necessário estabelecer que estes possíveis gastos são sanados e nulizados rapidamente, e existe um explicação plausível para tanto; Estes são pagos pelo próprio consumidor.
O preço que é cobrado por cada item do restaurante é calculado de modo a cobrir o valor que lhe foi pago e para a obtenção do lucro que nele deve estar contido. De modo mais explicativo, o preço de venda de uma garrafa de água de 200 ml era em torno de 4 reais; entretanto, o valor pago pela Pizza Hut nesse item foi cerca de 1,50 reais... Portanto, além do valor de compra desse item já ter sido arrecadado novamente com a sua venda, esta compra gerou uma margem de lucro de 37 por cento.
Mas voltando a questão salarial, caso fossem vendidas 12 pizzas nesse valor durante todo o mês, (número que é facilmente batido em uma noite) o meu salario já teria sido pago, ou seja, os “gastos” obtidos com minha mão de obra já teriam sido sanados. Consequentemente, tudo aquilo que fosse vendido por mim, geraria acumulo de capital ao proprietário, ao dono dessa rede.

       Isso é lucro, isso é Mais-Valia.

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