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segunda-feira, 20 de julho de 2015

A Voz e o Poder

O primeiro a propor a retomada do método dialético para a compreensão da realidade humana levando em consideração a concepção histórica foi Hegel, um dos maiores filósofos idealistas do século XIX. Tendo exercido grande influência na intelectualidade da Alemanha na época, é nesse contexto de inspiração hegeliana que o jovem Karl Marx empreende seus estudos, anos depois. Atingida sua maturidade, Marx não mais concordava com a concepção hegeliana de mundo, porém se utilizou de partes da teoria de seu predecessor para a elaboração de sua própria: o materialismo dialético.
O materialismo dialético, como o nome diz, prevê a permanência do método dialético de análise proposto por Hegel. O diferencial da vertente dialética marxista é que nesta o cunho social se fortalece e assume o centro das preocupações do autor, sendo colocados em evidência a luta de classes – considerada por Marx como constituinte por excelência da história do mundo – e os fatores causadores dela.
É no Manifesto Comunista, também desenvolvido por Engels, que encontramos sintetizadas as maiores expressões do ideário comunista. A obra consiste em uma tentativa de divulgação do ponto de vista comunista acerca do funcionamento da sociedade, uma vez que o a corrente comunista já detinha certa força na Europa. Assim, sendo a intenção alcançar a maior parte da população e todas as classes, dando-lhes voz, o livro foi escrito em linguagem simples e possui um desenvolvimento de pouca complexidade.
O Manifesto Comunista é um chamado a todos os proletários do mundo para atentar à desigualdade, a discórdia e o caos das instituições sociais causadas pelo capitalismo, que se baseia na exploração e intensifica a  luta de classes, sendo em si a expressão da continuidade de privilégios feudais. “(...) pois os que no regime burguês trabalham não lucram e os que lucram não trabalham”. A crítica explícita à burguesia e às suas instituições, encontrada no segundo capítulo da obra, faz alusão ao desejo de diminuição do poder dessa classe e da aquisição de poder político por parte do proleteriado.

O capitalismo não é, no entanto, malvisto em toda a extensão da obra. Há o reconhecimento do capitalismo como um sistema político econômico revolucionário, por ter sido ele o libertador das amarras do poder religioso e do poder monárquico sobre a sociedade, fator considerado uma vitória para os comunistas. Nesse ponto - e talvez seja o único - pode-se dizer que o capitalismo agradou aos comunistas. Em todos os outros aspectos, o capitalismo soube bem a quem agradar – fator que explica seu sucesso independente de números, estes tão buscados pelo comunismo.


Nicole Vasconcelos Costa Oliveira
1º ano - Direito Diurno

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