Karl Marx e Friedrich Engels mostram no ‘’Manifesto
Comunista’’ as várias contradições existentes no sistema capitalista de
produção, nos demonstrando já em 1848 previsões que só se fortaleceriam com o
desenvolvimento desse sistema da sua origem até a atualidade, passando do
capitalismo comercial até o atual estágio financeiro. A proposta destes singulares autores acerca
da formulação socialista se residia na compreensão do capitalismo como forma
excludente de produção, em que as desigualdades são motores para o seu
funcionamento. A união operária para estes pensadores se resumiria em uma ação
premeditada a partir do momento em que desenvolveram sua teoria científica da
luta de classes e do curso histórico das civilizações.
Atualmente, analisando a
superestrutura que envolve o modo de produção capitalista, e se observando todo
o aparato político-ideológico deste, a análise de Marx e Engels não supôs por
parte das grandes camadas proletárias, as grandes massas de trabalhadores, a
situação em que o valor da mercadoria (definido por Marx como tudo aquilo que possui
trabalho e utilidade) não baseado no apenas no seu valor de uso, mas sim no seu
valor de troca, ‘’contagiasse’’ os não burgueses, de maneira que estes sonham
um dia possuir a propriedade privada, ser dono dos meios de produção e viver uma
vida farta, da mesma maneira que seus ‘’patrões’’ vivem. Desta forma pode se
ver um ‘’fetiche mercadológico’’ de tal forma que aqueles excluídos socialmente
pelo modo de produção atual sonham também serem futuros burgueses. Tal fato,
não previsto por Engels e Marx, pode ser visto como um dos que alimentam a
sobrevivência do capitalismo como dominante em praticamente todas as nações
existentes.
O valor de troca preponderante
em certas mercadorias caracteriza-se na medida em que uma mercadoria por si só
representa apenas um valor de uso, mas em determinado meio social se qualifica
por traduzir certos valores e associa-los ao dono desse tipo de mercadoria. Um exemplo
simples são os detentores de carros de luxo, como Porsches ou Ferraris. Quem
possui um destes não compra apenas um transporte particular, ou melhor, dizendo
um ‘’carro comum’’, mas compra também um carro que possui valor de troca, na
medida em que o possuidor de tal mercadoria nos passa certas imagens. Resumindo
quando uma mercadoria possui o denominado ‘’fetiche’’ ou idealização de quem a
deseja ter, tal mercadoria intrinsecamente terá um valor de troca. No caso da
Ferrari, obtêm-se tal carro e se ‘’troca’’ por uma imagem que associa status a
quem a possui.
Rafael Cyrillo Abbud
Direito Noturno.
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