No período pós revolucionário de 1830,depois da primavera dos
povos, com a necessidade de conhecer a natureza para transformá-la, surge a física
social de Comte, que orienta a análise das relações sociais. O método seria a busca
do invariável para a formação de leis (fatos recorrentes essenciais) e
utilização delas como instrumento de controle. O estudioso descobre assim que são
instituições que mantém a sociedade viva. A moral, por exemplo, ainda que se
modifique de acordo com a sociedade, mantém sua função de condicionar a
obediência.
Buscando o imutável, Comte renuncia a procura de noções absolutas,
como origem e destino, e pontua dois estados alem do positivista (que seria o
último) que teriam sido necessários para o amadurecimento das formas de entendimento
e de explicação do mundo: o teológico (onde a verdade é revelada e o homem
submisso) e o metafísico (da filosofia tradicional, que buca além do real).
Os precursores do positivismo, Bacon e Descartes, já afirmavam
que o conhecimento confiável só poderia vir do contato direto. Há interesse
único no imediato, e Comte justifica afirmando que a busca das causas é
insolúvel. É possível relacionar este tipo de pensamento à medida de diminuição
da maioridade penal, do que muito se fala no Brasil atualmente, com alto índice
de aprovação, como uma solução- imediatista -à criminalidade. Fica claro, com
este exemplo, que ainda hoje foca-se em curar a conseqüência do problema, abandonando
a reflexão sobre a causa de lado. A normalidade é um vício, e ela é mantida por
meio de análises rasteiras.
A produtividade de um indivíduo equivale à normalidade. A
fuga da vadiagem (o cumprimento de um papel social) é essencial para que ele se
enquadre na comunidade. A negação de si para a inserção numa posição social é
comum, como um jovem que deixa seu sonho de ser surfista para entrar na
faculdade de medicina. E mesmo para quem não busca a aceitação, um emprego é imprescindível
para a sobrevivência: só tem direito a ela aquele que oferece seu tempo de
trabalho.
As propriedades fundamentais da proposta positivista eram: o
vislumbramento das leis gerais da sociedade através da estática (aptidão para
agir) e da dinâmica (desenvolvimento efetivo); uma reforma na educação (insere
pré-disposições no indivíduo); a combinação de varias ciências; e a
reorganização da sociedade moderna com base na filosofia positiva.
Enquanto isso, a mobilidade social é anormal. Há, ainda
hoje, uma divisão de classes bem nítida, por exemplo em elevadores social e de
serviço. A divisão feita pode ser metaforizada da seguinte forma: enquanto a
classe baixa é representada por braços, e a alta seria o cérebro.
Por fim, o Estado proposto por Comte tem um eixo
racionalizador, ele detém o poder e a ciência. Observam-se no inicio do século XX
vários Estados que seguem tal modelo, como o Varguista, que é resultado da
adição de autoritariedade e positivismo (como racionalização ou tutela do
trabalho).
Ana Luiza Felizardo
Turma XXXII
Direito Noturno
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