Quando se cita o nome de Augusto Comte ou refere-se a sua
obra positivista, as pessoas sucumbem instantaneamente ao senso comum,
atribuindo-lhes um sentindo pejorativo, relacionado à manutenção do “status quo”,à
supremacia da elite. No entanto, o que infelizmente essas pessoas não percebem
é a grandiosidade da obra desse filósofo.
Comte quer buscar as leis invariáveis, o que mantém as
sociedades em equilíbrio, em ordem e, por consequência, viabilizam sua evolução,
seu progresso. Essa rigidez, essa ordem remete-se à tradição, ou seja, à moral,
à educação, às leis, aos costumes. Nesse ponto, a filosofia positivista do
século XIX,possui fortes ligações com a contemporaneidade: sob uma perspectiva
positiva podemos entender os conflitos sociais causados quando altera-se a
estática,o padrão vigente seja referente ao sexo(homossexuais X heterossexuais),à
cor(negrosXbrancos),ao gênero(empoderamento da mulherXsociedade machista)
O sistema filosófico positivista é também chamado de Física Social,
haja vista que Comte queria aplicar os métodos das ciências naturais às
ciências sociais. Nesse ínterim, ele concebe a ciência como o único
conhecimento possível, o qual deveria focar nas relações entre os fenômenos e
não em suas causas, fugindo assim da metafisica e da teologia que devem ser
superadas a fim de que a sociedade evolua. Um exemplo prático desse quadro é a
sociedade de castas indianas, fundamentada em bases teológicas. No mesmo sentido,
há a superioridade do homem branco ocidental como a justificação da colonização
da América no período das Grandes Navegações ,cuja perspectiva é notadamente
metafísica.
Dessa forma, percebe-se que o projeto de Comte não se
restringe a uma exaltação e defesa da hegemonia burguesa , como muitos consideram;
pelo contrário, sua análise da sociedade ,a qual é alicerçada na dimensão
cognitiva e manufatureira, ou seja, na qual os indivíduos devem cumprir seus
respectivos papeis sociais a fim de manter a estabilidade do todo é extremamente atual. Isso pode ser ilustrado por uma poema de
Manuel Bandeira: João Gostoso,um indivíduo sem trabalho, sem casa e sem
identidade só é notado pela sociedade quando se mata, ou seja, quando deixa de
contribuir para equilíbrio do todo, quando deixa de exercer seu papel social e provoca a desordem;o
que embora triste,é,no entanto,real.
Victória Afonso Pastori
Direito Noturno-Primeiro Ano
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