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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Comte longe do senso comum

Quando se cita o nome de Augusto Comte ou refere-se a sua obra positivista, as pessoas sucumbem instantaneamente ao senso comum, atribuindo-lhes um sentindo pejorativo, relacionado à manutenção do “status quo”,à supremacia da elite. No entanto, o que infelizmente essas pessoas não percebem é a grandiosidade da obra desse filósofo.
Comte quer buscar as leis invariáveis, o que mantém as sociedades em equilíbrio, em ordem e, por consequência, viabilizam sua evolução, seu progresso. Essa rigidez, essa ordem remete-se à tradição, ou seja, à moral, à educação, às leis, aos costumes. Nesse ponto, a filosofia positivista do século XIX,possui fortes ligações com a contemporaneidade: sob uma perspectiva positiva podemos entender os conflitos sociais causados quando altera-se a estática,o padrão vigente seja referente ao sexo(homossexuais X heterossexuais),à cor(negrosXbrancos),ao gênero(empoderamento da mulherXsociedade machista)
O sistema filosófico positivista é também chamado de Física Social, haja vista que Comte queria aplicar os métodos das ciências naturais às ciências sociais. Nesse ínterim, ele concebe a ciência como o único conhecimento possível, o qual deveria focar nas relações entre os fenômenos e não em suas causas, fugindo assim da metafisica e da teologia que devem ser superadas a fim de que a sociedade evolua. Um exemplo prático desse quadro é a sociedade de castas indianas, fundamentada em bases teológicas. No mesmo sentido, há a superioridade do homem branco ocidental como a justificação da colonização da América no período das Grandes Navegações ,cuja perspectiva é notadamente metafísica.
Dessa forma, percebe-se que o projeto de Comte não se restringe a uma exaltação e defesa da hegemonia burguesa , como muitos consideram; pelo contrário, sua análise da sociedade ,a qual é alicerçada na dimensão cognitiva e manufatureira, ou seja, na qual os indivíduos devem cumprir seus respectivos papeis sociais a fim de manter a estabilidade do todo é extremamente  atual. Isso pode ser ilustrado por uma poema de Manuel Bandeira: João Gostoso,um indivíduo sem trabalho, sem casa e sem identidade só é notado pela sociedade quando se mata, ou seja, quando deixa de contribuir para equilíbrio do todo, quando deixa de exercer seu papel social e provoca a desordem;o que embora  triste,é,no entanto,real.

Victória Afonso Pastori
Direito Noturno-Primeiro Ano

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