A fábrica educacional
“ Toda educação consiste num esforço contínuo para impor à criança
maneiras de ver, de sentir e de agir”. Eis aqui uma frase de Émile Durkheim (As
regras do método sociológico, p.6) que para mim consiste numa síntese daquilo
que eu mais discordo com esse autor. Ao ler esta frase, mais especificamente o
parágrafo no qual ela está contida, não posso fazer mais nada além de suspirar
e negar de forma categórica essa afirmação.
Por que me sinto tão horrorizado?
Eu simplesmente não consigo conceber a educação como uma mera forma de
enquadrar as crianças, futuros cidadãos, às tradições e costumes sociais,
principalmente devido ao fato da minha posição contrária a muitos deles. Aceitar
tudo aquilo nos é passado de forma acrítica só nos torna cidadãos cada vez mais
alienados e manipuláveis. Assim, não consigo entender e reproduzir um sistema
educacional que preze por essas “qualidades”.
Bem
como na época de Durkheim, como na nossa, as relações sociais já estavam
totalmente permeadas e imersas no universo industrial e em sua lógica. Com isso
em mente, se torna compreensível os escritos do chamado pai da Sociologia, já
que esta forma de pensamento está basicamente tomada pelos interesses
industrias de preparação de uma classe alienada e de fácil controle (isso é ainda
mais acentuado hoje em dia), que produza muito sem reclamar.
Portanto, me sinto compelido a
falar da absurdidade que é tratar da educação como uma mera reprodução tanto do
saber quanto dos ideais impostos pela sociedade. Sabendo o que se sabe hoje,
vendo as lutas das minorias oprimidas e fazendo parte de um mundo tão polar
quanto o nosso, é imperativo que se mude o sistema de ensino, educando as crianças
para terem um senso crítico desde cedo e não somente desenvolvê-lo após entrar
na universidade (ainda mais quando muitos não o conseguem). A necessidade desse
senso crítico é óbvia, e somente após termos uma reforma educacional que inclua
esse quesito é que poderemos ver uma real mudança na sociedade; com cidadãos
mais engajados no bem estar do país, mas atuante para a aceitação e busca de igualdade
para as minorias.
Tiago de
Oliveira Macedo- 1ºano Direito diurno- aula 5 ("o que é fato social"-Émile Durkheim)
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