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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O Real Problema do Detalhes que Ninguém Liga.

  No dia 29 de agosto de 2012 o então "príncipe herdeiro", Dom Bertrand de Orleans e Bragança, e seu fiel escudeiro, José Carlos Sepúlvida, estavam visitando a cidade de Franca, mais especificamente, se preparando para uma palestra no campus local da Unesp.
  A palestra organizada pelo grupo de extensão "C.I.V.I." (Curso de Iniciação à Vida Intelectual) seria parte do evento "Aspectos Fundamentais da Cultura Brasileira". É no mínimo ridícula a escolha lexical tanto do acrônimo do coletivo quanto do evento em si, quase um corolário irônico do conservadorismo moderno. É de se questionar, como um grupo de JOVENS, que passaram num concorrido vestibular para uma universidade PÚBLICA, possa manter um tipo de postura como essa, alinhada com os fusos da causa ruralista e anti-minorias.
  Todavia, a situação já estava com todos os pormenores desenhados. Literalmente. Via-se uma universidade cúbica (não no sentido da vanguarda artística, mas sim no seu desenho arquitetônico) cheia de cartazes, mensagens, idéias! Foi a primeira vez que vi as paredes robóticas do campus propondo um ideal superior, uma oposição, uma luta, contra todo esse movimento que os palestrantes convidados representavam.
  Tudo ia muito bem, até que um grupo de pseudo-esquerda (sim, um extremismo que diluiu qualquer resquício de caráter social) resolveu a bel-prazer invadir e implodir o evento. Foi um happening, como diria João Bernardo em seu texto sobre o incidente ocorrido em 2005 durante a visita do ex-reitor Marcos Marcari ao campus de Franca. Um happening é " Uma forma em que [...] um coletivo artístico é ao mesmo tempo encenador e representante, e em que o público é envolvido. " Foi dessa forma que o ato decorreu, e como me senti na hora, parado em frente ao Anfiteatro II.
  Não, não sou repórter da mídia marrom. Portanto eu sei, e é óbvio, que muitos ali propunham o debate no campo das palavras, a guerra semântica, os soldados sintáticos até as últimas consequências. No entanto, esse grupo de real esquerda foi vencido pela intolerância dos pseudo-esquerdistas acima citados. Apagados pela selvageria de um grupo que abdicou por instantes de suas faculdades mentais para expulsar os palestrantes no grito e no pé. Que fique claro, não tenho um pingo de dó pelo ocorrido com relação aos palestrantes, acredito piamente apenas que a solução poderia ter sido outra, e principalmente, sua execução.
  No tocante às indignações, o pior vem agora, e não me refiro ao espaço escrito aqui no penúltimo parágrafo apenas. E sim  no agora temporal, essa semana mesmo, quando foi aberta a sindicância contra 31 dos alunos da Unesp. Como pode uma universidade como a nossa permitir uma "caça as bruxas" de teor quase macartista? Punir alunos por defender um ideal, de forma errada, eu admito, mas belo em sua essência? Cade a preocupação com os valores? Isso não pode se tornar, como no Direito, em uma guerra apenas entre o que está na norma ou não, que independe da sua carga fundamental, seu valor originário!
  Para terminar com chave d'oiro, eu me indago, como pode o germe dessa sindicância ter sido iniciado por um grupo de alunos colegas de faculdade? Amigos, conhecidos, desejando iniciar processos de sindicância, uns contra os outros? Que tipo de gente é essa que se encontra nessa faculdade? Passando abaixo-assinado para lesar o próximo? Infelizmente parece que a arquitetura individualista funcionou bem, não foi preciso mais que 5 anos para surtirem os primeiros efeitos.

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