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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Espremendo a espinha.

A situação já havia sido delineada no momento do anúncio dos palestrantes. A vinda de Dom Bertrand e José Carlos Sepúlveda causou instantaneamente uma movimentação dos estudantes, que entendiam essas personalidades como símbolos de tudo contra o que os movimentos sociais lutam.
Na noite da palestra, os alunos realizaram um ato-debate com o intuito de discutir o que a vinda do príncipe representava e como pretendiam agir frente ao evento. No entanto, algo saiu errado. Os manifestantes se exaltaram a ponto de "implodir"o evento, impedir que ele fosse realizado.
O debate, até o momento, não era só entre a liberdade de expressão e o discurso do ódio. Ele também envolvia o conceito de universidade pública e qual a função que ela exerce na sociedade. Estudantes alegavam que a vinda do príncipe ia na contra-mão do caráter de mudança social e respeito aos direitos humanos da universidade. Mas os argumentos são suficientes para que se impeça que o príncipe sequer fale? Ou que se rechace o indivíduo por meio de xingamentos, ao invés de argumentos políticos?
A parte que não tem ficado muito visível em meio à manifestação e à recente abertura de sindicância é que os manifestantes haviam se decidido por não impedir o evento. Naquele ato-debate anterior à palestra foi tirado, democraticamente, que não haveria implosão, que os alunos assistiriam a palestra e debateriam com o palestrante ao final. Desconstruiriam, portanto, o discurso do ódio do príncipe, para o qual não existem argumentos. No entanto, algo saiu errado.
O que significa então a abertura da sindicância? Quais as consequências disso?
Os argumentos favoráveis à sindicância são muitos. Mas o que vem depois pode não ser muito agradável, contudo. O precedente que é aberto se o processo for até o fim deixa livre para que sejam reprimidas quaisquer manifestações futuras. Não é do interesse de qualquer administração que movimentos sociais tenham força. O que ela faz então é aproveitar de um momento em que o movimento estudantil se encontra "mal visto" pela comunidade para refreá-lo. Isso é reflexo no fato de que os processos foram abertos sem critério algum. Alunos que nem ao menos estavam presentes no local estão sendo sindicados.
É um exemplo da cultura homogênica tentando suprimir uma cultura menor. Não há cooperação. Não há diálogo, de parte alguma. Há uma "disfunção" e a tentativa de eliminá-la.

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