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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O Avanço da Mídia e a Regressão da Criticidade


O Avanço da Mídia e a Regressão da Criticidade

Durkheim analisava a transformação da sociedade em duas principais etapas: a solidariedade mecânica, pré-moderna e a orgânica, moderna. Contudo vemos exemplos diários de como esses conceitos se confundem na contemporaneidade. Tudo isso devido a uma visão maniqueísta levada pela mídia de forma a polarizar as opiniões.
                A solidariedade mecânica se daria em comunidades atrasadas, arcaicas. Os laços familiares, as crenças, os valores seriam predominantes na formação ideológica do indivíduo. Como seriam sociedades menores e familiares, as opiniões seriam homogêneas, empregadas com a carga ideológica do grupo. Este fator seria determinante até na estrutura de subsistência, na economia. Uma manifestação da solidariedade mecânica seriam os códigos penais baseados na religião, como ocorria na Antiguidade.
Já nas solidariedades orgânicas, ocorreria o contrário: uma estrutura grande e complexa, necessária para sua manutenção e desenvolvimento. Isso geraria uma multiplicidade de opiniões, derivada das interações dos diversos grupos com os outros nesse processo de engenharia social. Cada um teria sua própria opinião, contudo a lei imperaria frente aos costumes, tão diferentes para cada pessoa. Ter-se-ia por objetivo uma legislação reparativa e não vingativa, isenta de julgamento de valor ou moralizada.
Após a leitura dos dados da pesquisa Datafolha, chega-se à conclusão de que um dos elementos mais marcantes da solidariedade mecânica ainda está fortemente presente em nossa sociedade: a coerção exercida de forma imediata, violenta e punitiva – uma vingança social.
Outro fator interessante que se observa após mais dados é a influência que a religião e os valores ainda têm na formação de opinião: entre evangélicos, 77% desaprovam a união, e entre os católicos, metade. Durkheim previa que nas sociedades industriais as opiniões seriam múltiplas e divergentes, não homogeneizadas como constatado. O senso crítico seria maior nas sociedades complexas pelo fato de integrarem pessoas de diversas origens e opiniões para a construção do grupo.
Muito já foi feito: o acesso à educação, à informação aumentou e as mídias sociais espalham notícias com a opinião dos blogueiros, criando multiplicidade de opiniões. Mas quando estes meios são controlados por pequenos grupos, a teoria de Émile cai por terra pelo poder de influência que esta tem nas massas.
Faz-se, então, necessária uma mídia realista, não monopolista, que tente da mesma forma que as leis, não criar julgamento de valor, dessa forma estimulando a população a tomar sua própria decisão como previsto pelo sociólogo.

Raul da Silva Carmo - Aluno do Primeiro Ano do Curso de Direito da FCHS da UNESP - Franca


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