Com a crise no fim da Idade Média
nasceu o frágil capitalismo, dotado de grande carga negativa devido ao seu caráter
individualista. Certamente contrário ao dogma da Igreja dominante na época, que
pregava a solidariedade e a busca de salvação sem se atrelar demasiadamente ao
mundo terreno. Porém, no século XVI, veio Lutero com suas 95 teses, e junto com
elas, uma Revolução no capitalismo que transformaria substancialmente a forma
de ver o capitalismo, e mostraria como este iria reger o mundo pós-revolução
protestante.
Max Weber, em seu texto acerca da
ética protestante relacionada ao capitalismo, nos mostra que a ânsia por lucro
não é o conceito de capitalismo, pois tal anseio sempre esteve presente na
maioria dos homens. Porém, no período anterior a reforma protestante, as
pessoas sempre viviam com medo de pecar, e a ânsia de lucro encaixava-se em um
pecado tão prejudicial quanto de matar algum semelhante e, portanto, não conseguiriam
o caminho para a salvação e viveriam a eternidade nas trevas. Mas veio tal
reforma, e com ela uma arquitetura quase que perfeita para legitimar a prática
capitalista de acúmulo de capital e obtenção de lucro.
Tanto Lutero como Calvino, ao
formular teses para a salvação da alma sem colocar o capitalismo como algo que
trouxesse um mal, e atrelando, principalmente Calvino, a forma econômica do
capitalismo como caminho de salvação, conseguiu modificar o modo como esta
forma econômica era vista, e assim, a consolidou como vemos hoje.
A ética protestante, atrelada ao
capitalismo e ao racionalismo, fez com que tal modelo econômico conseguisse viger
de uma forma tão forte e estabilizada como vivemos atualmente. Ademais,
retirando seu caráter pecaminoso e hostil, através de uma visão estritamente
racional do modo de funcionamento, como a jurídica, cientifica e contábil, fez
com que homens e mulheres não se sentissem condenados a serem pecadores na prática
do “capitalismo selvagem” e, mesmo podendo observar tantas mazelas sociais que
o alto e puro capitalismo traz, tenham a possibilidade de serem salvas, e
assim, voltamos ao individualismo condenado na Idade Média.
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