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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Glória capitalista


A ideia que se tem, de modo geral, ao se ouvir falar do Manifesto Comunista, é a de um ataque ferrenho a tudo o que se relacione ao sistema capitalista e à burguesia. Por isso, num primeiro momento, espanta que o manifesto contenha o que se pode chamar de um “louvor” aos feitos burgueses e seu caráter revolucionário. Os autores afirmam, sobre a classe burguesa, que ela "foi a primeira a dar provas do que a atividade humana pode empreender. Realizou maravilhas que superaram de longe as pirâmides egípcias, os aquedutos romanos e as catedrais góticas; conduziu expedições que puseram na sombra todos os êxodos anteriores de nações cruzadas”. Dizem ainda: “A burguesia, durante o seu domínio de quase cem anos, criou mais forças produtivas mais maciças e mais colossais do que todas as gerações precedentes juntas. (...) que século anterior teve mesmo que fosse um pressentimento de que tais forças produtivas ficariam inativas no colo do labor social?”
Desse modo, Marx e Engels analisam também o caráter empreendedor da burguesia. Nesse sentido, é tentador afirmar que o maior feito dessa classe foi impor seu sistema econômico não pela força bruta, mas agindo sutilmente no campo psicológico dos indivíduos. Isso é, o capitalismo tem a capacidade de fazer as pessoas quererem fazer parte dele, mesmo que elas não estejam nas melhores situações. Por exemplo, os cidadãos brasileiros que estão desempregados ou simplesmente em más condições financeiras não querem mudar-se para a Coreia do Norte ou para Cuba: seu sonho é viver nos Estados Unidos, o grande símbolo do capitalismo mundial. Porque o que os anima é a esperança de alcançar propriedades, bens e mais conforto material. Quem não tem tudo isso, luta pra conseguir, e quem tem, luta para manter e conseguir mais.
E não podia deixar de ser assim: desde a mais inocente época da infância somos moldados para sonhar com as glórias do capitalismo, mesmo sem nunca termos ouvido falar sobre ele. Toda criança sabe que para ser feliz basta comprar o último lançamento de um pônei colorido de brinquedo ou o mais recente jogo de um boneco de ação. Até que seja lançado o próximo, é claro! Logo mais, o que importa é ter roupas de marca e aparelhos eletrônicos de última geração, e conforme mudam a idade ou mesmo os gostos da sociedade, mudam as necessidades, que porém nunca deixam de ser tão materialistas e banais como os exemplos. É o capitalismo que proporciona tudo isso, então porque alguém iria querer abandoná-lo?
É essa, então, a grande jogada da burguesia e seu capitalismo: você não é obrigado a fazer parte do sistema capitalista por medo da repressão de alguma força externa. Você QUER fazer parte dele porque a outra opção é uma vida sem cor, sem brilho, sem graça, como apresentava a propaganda capitalista no período da Guerra Fria.

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