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domingo, 14 de agosto de 2011

Processo civilizatório

O modo-de produção capitalista foi objeto do estudo de inúmeros intelectuais que delinearam reflexões dispares. Um deles foi Weber, o qual afirma que as forças capitalistas foram fruto de um intenso embate cultural. Embate que subjugou o tradicionalismo preponderante do pré-capitalismo.
Cuidar do capitalismo analisando o choque cultural que o precedeu obriga o investigador a tomar como matéria não só o modo-de-produção, mas também a mentalidade e as perspectivas do homem que conviveu com a mudança do perfil econômico. Esse homem, à princípio, estava interessado em satisfazer as necessidades de sobrevivência que possuía, não havia uma força que o movia a acumular. O proprietário, por sua vez, podia até possuir empresas com estruturas capitalistas, mas ”se considerarmos o espírito que animava o empresário, tratava-se de um negócio tradicionalista: tradicional o modo de vida, tradicional a margem de lucro, tradicional a quantidade de trabalho, tradicional o modo de regular as relações com o trabalho e o essencialmente tradicional círculo de clientes e modo de atrair novos” (Weber,Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo.São Paulo: Pioneira, 1967.)
Além da mutação de mentalidade do trabalhador e proprietário, ainda há uma série de elementos que foram essenciais para a estruturação do capitalismo como a racionalização contábil, o homem antes não privilegiava a idéia da inversão do dinheiro em mais riqueza, mais dinheiro; a racionalização científica, afinal, ciência e tecnologia estão no âmago do novo sistema; e a racionalização jurídica, que com normatizações fez possível o cumprimento de contratos, o direito de propriedade, as regras básicas do investimento.
Também a religião foi fator capaz de firmar o capitalismo, pois o catolicismo concomitante ao sistema pré-capitalista defendia a vida posterior à morte e o despojo. Não obstante, o protestantismo conseguiu regular a conduta dos homens mormente na vida terrena privilegiando o cotidiano.
Desse modo, como bem ilustra o sociólogo docente da Unesp Agnaldo de Sousa Barbosa “o capitalismo é um processo civilizatório, não somente um modo-de-produção” que se firmou com o advento de uma nova classe, a burguesia. As evidentes forças de mercado somente adquiriram o perfil que possuem hodiernamente a partir de inovações científicas, jurídicas, contábeis e mentais.


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