A existência do império da razão e suas implicações caracterizam bem o método inovador proposto por René Descartes em sua obra Discurso do Método. Nela, ele expõe a origem, o desenvolvimento e a finalidade de seu método; porém, parece fazê-lo sem demagogia, não tendo intenção de impor o seu meio de pensamento para o leitor.
Essa postura racionalista (exemplificada pela sua célebre frase: cogito, ergo sum; ou seja, penso, logo existo) tem como fim a criação de um novo estilo de vida, sendo que somente as idéias indubitáveis habitariam a mente humana (isto é conseguido através do uso da dúvida hiperbólica, ou seja, o abandonamento de todo pensamento que possa ser questionado). Ademais, é constituinte de seu método a desconstrução de coisas complexas em outras de um grau de compreensão mais inteligível e, consequentemente, a sua reconstrução para sua total compreensão.
Dentre isso, é surpreendente como um indivíduo que aprendeu e se aprofundou em todas as disciplinas da escolástica (apesar de depois dispensá-las) conseguiu se dissociar sem maiores problemas dessa base intelectual e criar seu próprio método de construção, análise e interpretação de pensamentos. Também é notável que, apesar da extrema importância dada à razão por Descartes, ele defende a existência do primeiro-motor, ou seja, de Deus. Não há para ele, antagonismo entre Ciência e fé, sendo ambas provindas da Natureza.
Pode-se retirar da obra a importância de se estabelecer o seu próprio método de, simploriamente falando, se viver. Sendo influenciado drasticamente ou não por aspectos racionais, mas sempre buscando um caminho para se seguir com suas convicções e de existir em sua melhor forma possível.
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