Em meio a profundas
mudanças sociais ocorridas no século XVIII arraigadas pelas Revoluções Francesa
e Industrial, o socialismo desponta como uma nova linha de pensamento
político-econômico para confrontar o liberalismo e o capitalismo, defendendo
primordialmente a igualdade entre os seres humanos.
Nesse cenário, quando as expectações
da Revolução Francesa perfazem-se por não se materializar, o capitalismo fica
desprendido para desse modo seguir seu rumo, e explorar o trabalhador.
Consequentemente, passam a surgir inquirições por parte dos pensadores da
época, irrompendo inicialmente o chamado socialismo utópico, tendo como
precursores Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen. Entretanto, muitas
críticas surgiram em relação a esse sistema, devido ao fato de se constituir um
modelo idealizado, mas não o método para alcançá-lo, sendo por isso chamado
“utópico”. Posteriormente surge o socialismo científico com Marx e Engels, os
quais buscaram corrigir as falhas existentes no modelo anterior e encaixá-lo à
realidade através de uma compreensão crítica e analítica do sistema vigente.
Além de tais pensadores,
outro muito importante para se compreender o socialismo é Friedrich Hegel,
considerado um dos mais importantes filósofos da história. É com ele que o
conceito filosófico “dialética” aparece com a significação que mais tarde seria
aproveitada por Marx e Engels na constituição de seus estudos.
Para Hegel a dialética se
trata de um processo com escopo de se obter o entendimento, o qual parte-se de
uma ideia inicial chamada tese, refutada por outra, a antítese e que depois de atingido
um corolário, constitui-se uma síntese, que converte-se em uma nova tese. Dessa
forma, para ele a humanidade está em infindável processo de desenvolvimento,
impelido pelas leis de cada época que pormenorizam princípios e descensões na
história de cada povo.
Dessarte, para ele, a
história humana é a luta pela liberdade, que se expressa no direito, posto que
não é fixo, e se modifica conforme as transformações da sociedade, o direito
passa a ser um espelho da dialética. E como para ele o direito tem o poder de
submeter tanto os dominados quanto os dominadores, isso passa a ser a apoteose
da liberdade. Entretanto, a crítica de Marx e Engels entra nesse aspecto, visto
que, na realidade, não é dessa forma que acontece, e que os dominadores não se
submetem necessariamente ao direito, mas o fazem valer mediante suas vontades.
Sendo assim, surge o idealismo de Hegel, já que sua visão acerca do direito
passa a ser idealizada e que resumindo nas próprias palavras de Engels: “Hegel
libertara da metafísica a concepção histórica, tornando-a dialética, mas sua
interpretação da história era essencialmente idealista”.
Consoante a isso, e
baseado nas ideias de Hegel, um dos conceitos de Marx e Engels passa a ser o materialismo
dialético, ou seja, se para Hegel, o que move o mundo são as ideias, para Marx,
é a luta de classes e as relações de produção, dessa forma, a história seria produzida
pelos atos do proletariado, ou seja, aqueles que possuem apenas sua própria
força de trabalho, visando auferir um patamar mais elevado no corpo social.
Pode- se concluir então que enquanto a dialética de Hegel ficava no campo idealista
e inexequível, Marx procurou justapô-la a realidade.
Outrossim, outro conceito
engendrado por Marx e Engels é a mais-valia, referente ao principal mecanismo
de exploração da classe trabalhadora, a qual se configura como o cerne do
modelo capitalista, posto que, o burguês se apropria da diferença entre o valor
produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador.
Dessa forma, a burguesia
que surgiu como classe revolucionária e insurgiu contra toda forma de opressão,
mostra agora sua faceta cruel, na qual as únicas ligações que convém são as
econômicas, e as disposições passam a se compendiar à logicidade contratual.
Ademais, a imprescindibilidade de um mercado sempre em expansão a faz dessa
forma fabricar um mundo a sua imagem, compelindo as nações a se adequarem a seu
modo de produção.
Em suma, pode-se
concluir, que o socialismo surgiu como uma alternativa ao modelo do
capitalismo, visando uma sociedade sem classes, onde bens e propriedades passam
a pertencer a todos, com o objetivo de acabar com as grandes diferenças
econômicas entre os indivíduos. Além disso, o socialismo percebe o direito como
individualista, ao contrário de como Hegel o enxergava, como a máxima que
permitia a todos serem igualmente livres e iguais. Sendo assim, Marx e Engels
entendiam que a interpretação de Hegel existia apenas na interpretação, e que
no mundo real, a diferença é grande, e o direito por si só não consegue nem de
longe garantir tudo que nele é exposto, fazendo dele muito mais idealista do
que materialista.
Jennifer Ribeiro - Turma XXXV( Noturno)
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