Iniciando seu curso de filosofia positiva, Comte nos apresenta a
existência de três fases da evolução do conhecimento humano: a primeiro
momento, temos o estado teológico, caracterizado por ideias e aforismos
teóricos que ditam um conhecimento abstrato e sobrenatural; como segunda etapa
desse desenvolvimento, temos o estado metafísico que é conhecido por crer em
abstrações personificadas responsáveis pelos fenômenos observados da vida
mundana; alcançando o ápice do conhecimento, o homem se encontra no terceiro
estado, o positivo, quando percebe não conseguir um conhecimento absoluto mas,
no entanto, se preocupa em entender a origem dos fenômenos e descobrir suas
leis efetivas.
Comte nos deixa bem explícito, porém,
a necessidade da existência das duas primeiras fases do desenvolvimento do
pensamento humano. A origem do que seria, mais tarde, a filosofia positiva, se
deu a partir de uma opinião, segundo Comte, exagerada a respeito do mundo. Sem
essa opinião, os pensadores estariam presos num ciclo vicioso de necessitar de
uma teoria para poder observar os fatos, mas, ao mesmo tempo, necessitar desses
fatos já observados para formular uma teoria.
Na atualidade, o positivismo conhecido
é carregado de conceitos, algumas vezes, pejorativos, pois, a fim de uma
manutenção da ordem, que originaria consequentemente, o progresso da sociedade,
os positivistas são tidos como conservadores e ortodoxos. No entanto,
apresentada como sua raiz original, a ciência positivista defendida por Comte, tem
como essência a defesa do método como forma de obter o distanciamento do
observador, este que realiza suas experiências baseadas nos modelos baconiano e
cartesiano.
Dessa maneira, pois, podemos afirmar
que Bacon e Descartes são precursores da filosofia positivista, isto é, suas
ideias e métodos são concluídos pelo positivismo de Comte. Simultaneamente em
que, analisando os métodos dos primeiros, vemos um desejo de ruptura com a
filosofia tradicional e com os, segundo Bacon, “muros mentais”, ambos
responsáveis por vãs abstrações a respeito da sociedade e raciocínios
metafísicos, temos, em Comte, a mesma avidez em mostrar a existência dessa nova
filosofia capaz de estudar o real, o útil e o certo da sociedade.
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