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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Da explicação sistemática à volta da contemplação


"Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito." – William Blake.






O filme Ponto de Mutação pode, a nós, cartesianos, parecer maluco, progressista demais, mas não, as idéias trazidas por ele fazem parte do rol de idéias mais antigo que já existiu. Idéias, se é que se pode chamar essa atividade de idéia, que nos foram há muito apresentadas sob uma roupagem diferente: a roupagem de uma sabedoria mais “contemplativa” e menos explicativa.

Parte-se da física quântica para colocar-nos em dúvida acerca de vários aspectos decisivos. O micro (átomo) é desvendado e com isso a diferenciação de matéria, pensamento e probabilidade torna-se impossível; como pode um elétron estar, potencialmente, em vários lugares ao mesmo tempo?

Todo o macro, então, pede por uma nova análise. Essa análise não pode, no entanto, ser a análise científica comum. É preciso levar em consideração o todo, as relações e não mais as partes separadamente. “Baba Nam Kevalam”, o mantra dado por Shrii Shrii Anandamurti, fundador e líder espiritual da instituição Ananda Marga, é inspirado em conhecimentos orientais antiquíssimos e sem se utilizar de física quântica moderna, ou qualquer parafernália intelectual cartesiana, traduz o seguinte pensamento: tudo é expressão de um mesmo ser divino, que está em tudo, em todos; tudo é amor, tudo está interligado; somos todos frequências diferentes de uma mesma onda. Por piegas que possa parecer, faz sentido como a física vem descobrindo.

A matéria, posta em xeque, assume caráter de possibilidade, de pensamento, de subjetivismo. O documentário What the Bleep do We Know!?: Down the Rabbit Hole” traz experimentos interessantes, como o poder de elementos subjetivos sobre elementos objetivos (a capacidade de pensamentos e sentimentos mudarem a estrutura molecular da água, por exemplo). São ensaios, que buscam aproximar ciência e espiritualidade e mostrar o poder do pensamento, sentimento e fé.

O conhecimento objetivo, às suas últimas consequências, se aproxima da sabedoria contemplativa, aquela que não é explicada e sim sentida. Algo que ilustra tudo isso de forma hollywoodiana é o filme Avatar, no qual, em um outro planeta, todos os indivíduos (Na’vi) estão espiritualmente (e até fisicamente) conectados com Eywa, sua divindade, e consequentemente conectados entre si e com a natureza.

A idéia dessa rede de interligação e a idéia de que Deus está em todas as coisas e não fora delas, deixando um pouco de lado o vício de explicação e comprovação ou não comprovação sistemática, são bastante válidas; O mundo atual precisa acreditar nisso, o social seria favorecido já que o famoso bem comum finalmente apareceria de fato a partir do instante em que bem individual e bem de todos (e por todos entende-se todos os seres animados, e até os inanimados) se tornarem a mesma coisa.

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