O papel do positivismo na construção do Brasil enquanto república.
Ordem e progresso?
No contexto da instituição da Primeira República, observou-se
a forte influência da filosofia positivista no que tange à formulação teórica
do modelo de governo. Nesse contexto, a ascendência do militarismo e autoritarismo
situava o Brasil em dois âmbitos: o idealizado e o real; nesse cenário o país vivia
a dicotomia entre a instauração de um modelo positivista de progresso para as
elites e a perpetuação do atraso e da miséria para as classes menos favorecidas.
Assim, fica claro que o papel do positivismo no Brasil foi de completa exclusão
social.
Em princípio arguitivo, o positivismo comteano estabeleceu
as bases para a instauração de uma noção de evolução restrita às elites.
Indubitavelmente, na esfera política da República Velha, o ideal de racionalidade
e laicidade era reduzido somente aos mais privilegiados; apesar de mudanças na
constituição de 1891 transcender conceitos ultrapassados em relação à “Constituição
da Mandioca”, essa noção de ampliação dos direitos não passava do papel. Dessa
forma, a física social tão valorizada pelos militares brasileiros não passava
de uma faceta ilusória de progresso.
Ao mesmo tempo, nota-se uma contradição grave no que tange
ao lema estampado na bandeira nacional em oposição à realidade social do país:
As efervescências coletivas encontraram seu apogeu no contexto da República da
Espada. Indubitavelmente, movimentos como a “Revolta da Chibata” e a “Guerra de
Canudos” escancaram a divergência entre a realidade do povo brasileiro e o pensamento
positivista tão difundido pelas autoridades, de modo que essa filosofia na
esfera brasileira só tenha servido para legitimar o autoritarismo desenfreado
militar e a negligência da realidade socioeconômica da maior parte do país.
Portanto, fica claro que, apesar do positivismo alçar um
ideal de progresso científico e social, no Brasil, tal princípio se restringiu
às elites e aprofundou o estado de miséria da população brasileiro. Ademais,
assim como Antônio Conselheiro, muitos sentiram na pele os efeitos da
legitimação da violência por meio do positivismo. Assim, nessa esfera, o
conceito de “Ordem e Progresso” torna-se falacioso.
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