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domingo, 9 de abril de 2023

CONSCIÊNCIA COLETIVA: DESCRIÇÃO E ATUAÇÃO SOCIAL

     Ao passo dos avanços quanto aos estudos sociológicos, alguns autores começaram a seguir pelo caminho de ponderar as relações entre o homem como indivíduo e a sociedade que o cerca, argumentando em prol da superioridade coercitiva de um sobre o outro. Este é o caso do filósofo Émile Durkheim, o qual baseia sua teoria na defesa de que, embora possa-se dizer que é a junção das consciências individuais que determina a sociedade, esta exerce muito mais impacto sobre a vida e consciência dos indivíduos.

     A principal teoria de Durkheim é a de que a sociedade determina a vida de seus indivíduos através de fatos sociais, os quais, além de serem um aspecto universal de todas as sociedades, possuem três características principais: coercitividade, generalidade e exterioridade. Assim, esses atributos que moldam a vida social são caracterizados por fenômenos que exercem pressão sobre o indivíduo (muitas vezes impossibilitando-o de viver plenamente caso escolha por não aderir ao que lhe é imposto), existe antes, durante e após este (independe de uma pessoa ou um grupo) e aplica-se a todos os pertencentes àquela sociedade. Dessa forma, pode-se citar, por exemplo, a língua falada ou os modos à mesa como exemplo de fatos sociais, tendo sempre em vista que eles variam entre as diversas comunidades.

     Sob essa ótica, um importante elemento da obra do filósofo do século XIX é a existência de consciências coletivas dentro de uma sociedade, as quais, em contato com o indivíduo, moldam seu modo de agir e de pensar. Sobre esse assunto, é válido citar os escritos de Grada Kilomba, em sua obra “Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano”. Em seus relatos, a autora trata do racismo intrínseco à detenção do conhecimento na nossa sociedade, explicando que apenas o conhecimento da população branca é tomado como válido e verdadeiro, enquanto o conhecimento negro é, em sua maioria, tido como irracional, emocional, desprovido de valoração científica e sofre uma enorme marginalização se comparado ao branco. Ainda, a autora retrata o impacto desse racismo não só na construção de um conhecimento neutro como um todo, mas no modo como ele determina a maneira de pensar dos que sofrem sua influência; sobre isso, o livro traz o exemplo de como as crianças, principalmente as brancas, desconhecem personalidades, obras e fatos históricos negros, diferentemente das crianças negras que, fora da escola, estão inseridas em outro contexto social.

     Dessa forma, fica evidente que a maneira de pensar, os costumes e o conhecimento vigente em uma sociedade determinam fortemente a vida como um todo de seus cidadãos. Assim, essas consciências coletivas podem, portanto, interferir desde a socialização básica do indivíduo no corpo social, como a língua falada, até a manutenção de males como o preconceito e a segregação daqueles que não compactuam com o modo de pensar predominante no espaço onde vivem. 


Aluna: Maria Clara Feitosa de Oliveira - 1° ano de Direito - matutino 

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