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domingo, 9 de abril de 2023

A consciência coletiva ao longo dos séculos

     Para Émile Durkheim, o fato social é exterior ao indivíduo, ou seja, não depende apenas desse para existir, então pode acontecer antes mesmo do nascimento do cidadão, e o influencia a agir de certa maneira, a qual é estabelecida pelo contexto social, a fim de permanecer na comunidade e, por isso, mantém a coerção social. Sob essa perspectiva, pode-se notar o fato social sendo colocado em prática na consciência coletiva, uma vez que essa é o conjunto de ideias comuns à população daquele período, formando uma espécie de pensamento comunitário. Por exemplo, durante a Idade Média, o conceito de “bruxa” que permanecia no ideal coletivo era usado para punir mulheres que não concordavam com a vida submissa a qual eram impostas e não apenas para aquelas cidadãs que praticavam as feitiçarias que eram condenadas pela Igreja Católica. Assim, queimar tais mulheres na fogueira era socialmente aceito, dado que não estavam cumprindo com o esperado pela consciência coletiva e ameaçavam a ordem previamente estabelecida.
     No entanto, infelizmente inúmeros preconceitos fazem parte da consciência coletiva até a atualidade, como evidencia Grada Kilomba ao questionar a falácia comumente propagada pelo corpo social quanto a universalidade e a legitimidade da ciência feita por brancos devido exclusivamente à etnia dos cientistas, enquanto a ciência das pessoas pretas é dada como subjetiva e logo é desconsiderada. Além disso, Grada também coloca em pauta o silenciamento de pessoas por causa de etnia, sexualidade e gênero, já que a consciência coletiva impõe que apenas homens héteros e brancos podem produzir conhecimento e ainda detém a “imparcialidade” como pano de fundo. 
     Ademais, aqueles que ousarem resistir sempre sofrem reações punitivas que buscam “restabelecer” a norma a fim de evitar a quebra do equilíbrio, o que Durkheim denomina “anomia”, que significa a deteriorização das regras que mantém a coerção social. Para exemplificar, é possível citar o apedrejamento de mulheres que cometiam adultério em praça pública na Antiguidade com o intuito de servirem de exemplo para que outras cidadãs não repetissem tais ações, o que conservaria a ordem. Dessarte, um pensamento comum do corpo social está presente há séculos e ainda permanece na atualidade, sendo exterior e imposto ao indivíduo. 

Gabriela Carvalho Granero - 1° ano direito matutino 
RA 231223757

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