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terça-feira, 28 de março de 2023

A problematização da ciência social positivada

  Assim como dispõem as ciências naturais, Auguste Comte, importante teórico do século XIX, argumentou acerca da necessidade de fundamentação de uma lei natural para a ciência social, tornando-a positivada, ou seja, normatizada. Ainda, mesmo de acordo com o sociólogo, tal ciência era vista como complicada, devido à sua relação mais direta com o homem. No entanto, justamente por causa dessa complexidade, a positivação da sociologia não se justifica nos dias de hoje, uma vez que a realidade contemporânea encontra-se cada vez mais profunda, principalmente se voltada às questões das minorias sociais. Sendo assim, por mais que as normas dessa lei natural preguem objetividade, como nas demais ciências, ela falha ao tratar da Sociologia, pois não reconhece que os indivíduos, como sujeitos e objetos, escrevem de um lugar específico, consoante às suas experiências.

  A partir do viés das minorias sociais, as quais são afetadas pela positivação da ciência em questão, já que as normas reforçam a dominação de fardos do colonialismo, percebe-se que os conceitos de conhecimento estão intrinsecamente ligados ao poder. Dessa forma, vale destacar que o ensino, que tem feito parte das agendas acadêmicas, evidencia um entendimento não inclusivo, dado que assume um espaço onde o privilégio de fala tem sido negado a uma camada de subalternos. É assim que Grada Kilomba conclui que o centro acadêmico não é um local neutro e, por isso, é um problema normatizar a ciência social, que seria fundamentada por bases estabelecidas pelo grupo dominante.

  Portanto, no sentido de que os temas, paradigmas e metodologias do academicismo tradicional refletem não um espaço heterogêneo para a teorização, mas sim os interesses políticos específicos da sociedade imperante, faz-se necessário um olhar contestador, por parte da coletividade, quanto ao positivismo do teórico supracitado. Ou seja, cabe a ela quebrar os padrões fixos e excludentes dessa ciência, por meio da descolonização da ordem eurocêntrica do conhecimento. Assim, os sujeitos, para os quais a sociologia deveria se destinar, oprimidos buscam superar as estruturas de opressão firmadas por essa positivação proposta em séculos passados. 


Rayssa de Oliveira Dantas - 1° ano de Direito (matutino)
RA: 231223161

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