O materialismo histórico defende a tese que a história da sociedade é uma consequência direta da história da luta de classes. Sob essa ótica, os confrontos sociais surgem em um contexto de aparecimento da propriedade privada, confrontos esses que se acirraram com o surgimento de duas classes distintas: a burguesa e a do proletariado. Nesse cenário de instabilidades, que hão de perdurar enquanto a burguesia não for somente dominante no aspecto econômico, mas também no político, nota-se um “roubo” da individualidade de cada ser pertencente a classes mais baixas, dado o poder de influência dos mais abastados socialmente.
Primeiramente, vale ressaltar como se forma a consciência de cada ser inserido em uma sociedade de moldes capitalistas de acordo com uma análise marxista. Para o filósofo, a consciência está diretamente ligada a atividade material de cada um, tese ilustrada pela frase “não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência”, presente na obra "A Ideologia Alemã". Portanto, o modo de se enxergar o mundo e de viver não está aberto a individualidade de cada um. Não há o que ser agregado além do que o meio exerce em você. E esse meio, nas sociedades contemporâneas, é o de opressão, cotidiano da classe trabalhadora, ou o de privilégios exacerbados, no qual a burguesia está inserida.
Passemos então para o tópico principal da análise. De que forma a classe dominante, para além do mais-valia, “rouba” também a individualidade de cada um dos representantes da classe oprimida? Como citado anteriormente, é a relação do humano com a atividade material que o torna sujeito a uma padronização de costumes. Assim sendo, considerando a burguesia como a classe detentora dos meios de produção, é ela a responsável por adulterar a essência individual de cada ser. Ora, se a consciência vem da vida e a vida está sujeita aos valores capitalistas, é indubitável afirmar que aqueles no topo da “pirâmide social” existente nesse meio são os que ditam como deve ser a existência de cada um. Fenômenos como a indústria de massa exemplificam magistralmente tal argumento.
Com base no exposto, vemos que a relação
de dominação é de tal forma violenta que é capaz de ditar como cada ser deve
ser. A classe dominada nada mais é – ou, pelo menos, tem potencial para ser –
um mero entretenimento para a dominante. A classe dominada não é uma entidade coletiva, é
um fantoche da dominante. A classe dominada é, assim como foi representada no seriado sul-coreano, Round 6, um grande espetáculo para a dominante.
Mateus G. F. de Souza
Direito - Turma XXXIX Matutino
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