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quarta-feira, 30 de junho de 2021

OS TRÊS GATOS

 

Três gatos de uma mesma ninhada tomaram rumos diferentes após o desmame, mas sempre se encontravam para conversar, afinal eram irmãos, e como toda ninhada de gatos que se preze, mal foram abandonados por sua mãe que seguira um caminhão de linguiças e nunca mais voltou, já foram tratando de seguir cada qual em seu caminho, um gato foi parar em uma igreja, pois nela havia paz, tranquilidade e um monte de ratos gordos para se comer, o outro fora morar num coreto no quintal de um poeta, embora não fosse um lugar requintado também tinha onde se abrigar e uma porção de ratos para comer e o ultimo fora morar na casa de um cientista, que além dos muitos ratos também havia muita bagunça e barulho, mas os ratos não eram as únicas coisas em comum nos três lares, seus donos, por assim dizer, adoravam discursar na frente dos gatos e esses por sua vez acabaram por simpatizar com as ideias de seus donos, o que de fato sempre tornava seus encontros mais interessantes, pois os três gatos irmãos sempre traziam a baila suas considerações.

O gato cientista chamou a atenção para a quantidade de gatos que estava se  juntando em uma grande propriedade ali perto, disse que tinha passado boa parte do tempo os observando e se disse preocupado com a quantidade de gatos em um mesmo lugar pois temia que os ratos não fossem suficientes para a alimentação de todos e que com os novos filhotes aquele lugar logo estaria cheio, disse também que muitos gatos diferentes poderia trazer doenças e que o lugar deveria ser mais limpo, já que como gatos, todos eram tão afamadamente higiênicos, também enfatizou que os gatos brigavam muito entre si e que o lugar precisava urgentemente ser organizado para que todos vivessem minimamente bem.

O gato religioso disse que era deus quem deveria providenciar o necessário e que só a ele caberia definir o destino dos gatos daquele lugar, disse que se tinha algo que ali faltava era uma boa liderança que mostrasse a toda aquela gataiada que a vida deveria ser devotada ao seu criador e que cada um buscasse a sua própria salvação, afinal cada gato possuía sete vidas para serem salvas.

O gato filósofo discordou de ambos e disse que uma vez que deus os criou a função de cada um era descobrir a si mesmo e buscar evoluir o seu “eu gato” e deixar o “não eu gato” cuidar de si próprio e que aquele ajuntamento nem era normal e que logo se dissiparia e tudo se resolveria sem esforço nenhum

O gato cientista usou o exemplo do mau cheiro vindo de lá e disse que era urgente que isso fosse resolvido, criando um lugar especifico para que eles fizessem seus dejetos felinos e seu irmão religioso o interpelou em qual o problema de um gato fazer um buraquinho no chão para depositar seus dejetos e cobri-los na sequência, assim como é feito desde o surgimento de todos os gatos criados pelo senhor e o cientista pacientemente explicou que os gatos não utilizam o mesmo buraco duas vezes, porém precisa se utilizar do expediente por várias vezes ao dia, então que multiplicasse  o número de vezes pelo número de gatos no espaço físico comum e logo perceberia que todos os gatos viveriam em meio a imundície se não fosse criado um sistema útil a ser utilizado por todos os gatos dessa recém comunidade felina, o gato religioso advertiu seu irmão que o criador supremo poderia puni-lo por pensamentos tão heréticos e que não seria bom para nenhuma de suas sete almas serem condenadas a danação eterna, o irmão filosofo apenas disse que para esta ordem ser minimamente viável seria preciso um individuo esclarecido para liderar os gatos e fazer com que eles aos poucos fossem descobrindo em si próprios a evolução de suas ações.

O gato cientista via a urgente necessidade de estudar esse grande movimento de formação e agrupamento de todos aqueles gatos, pois existiam agora problemas e necessidades comuns a todos e esperar que a ajuda caísse do céu ou que buscar em pensamentos líricos seria desastroso e traria um sofrimento grande aquela sociedade que se formara, pois o numero de gatos aumentava mais e mais a cada dia, contudo o gato cientista concordava que poderia ser aproveitado para aquela sociedade tudo que pudesse ser útil advindo da religião e da filosofia de seus irmãos, mas com um complemento ponderado sem perder o foco do objetivo principal, organizar a sociedade dos gatos.

O tempo passou e os gatos da tal propriedade foram seguindo lentamente os ensinamentos dos três gatos irmãos e se organizaram de tal modo que a ordem do local trouxe progresso para aquela comunidade, já existia uma harmonia entre os diferentes pensares dentro da própria comunidade, aquelas ideias acabaram achando convivência entre si e isso trouxe significativas melhoras para todos os gatos, só não foi melhor e mais significativo porque o dono da propriedade a vendeu para uma fabrica de sabonetes que limpou a área, se livrou dos gatos e montou ali sua fábrica, pois na França tomar banho era uma chique novidade naqueles tempos...


NOME: ANTONIO JAIR DE SOUSA JUNIOR

TEXTO 2 SOBRE POSITIVISMO

DIREITO MATUTINO TURMA XXXVIII

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