A pandemia da Covid-19 assolou o mundo e mudou definitivamente os rumos do ano de 2020. Desde a chegada do vírus ao Brasil, as medidas tomadas pelo governo do país, seja na esfera federal ou estadual, foram motivo de polêmica e insatisfação na sociedade. Alguns viam as medidas como brandas demais frente à gravidade do problema, outros como rígidas demais para o mercado. O fato é que nesse contexto mais de 120 mil pessoas morreram e a economia que era tão priorizada por setores da população também está em crise.
A visão de Max Weber não pode
ser resumida a apenas um conceito, uma vez que o próprio autor rejeita a
explicação dogmática da realidade. Porém, a configuração atual da sociedade
brasileira remete a algumas ideias trazidas por Weber, como a de dominação. É difícil
tantos apelos para a volta das atividades comerciais e as medidas judiciais
tomadas por empresários em muitas cidades para que os estabelecimentos fossem
reabertos e não pensar na dominação exercida pelo mercado sobre toda a
sociedade. Em tal situação, a decisão de endossar ou não o distanciamento
social, que deveria ter base nas recomendações científicas, em muitos lugares
ficou nas mãos do poderio econômico, que priorizou o capital.
Contudo, não é meu objetivo
afirmar que a situação financeira deve ser ignorada nessa situação. Medidas
como o auxílio emergencial são direito da população vulnerável para amenizar a
crise, mas é que aí aparece um dos fatores mais questionáveis da atuação do
governo federal. A valor não chega a cobrir as necessidades básicas de uma família,
o que leva o trabalhador a, mais uma vez, se submeter a dominação do mercado e
se expor ao vírus para se sustentar. Mesmo assim, o valor de R$ 600, que é “muito
para quem paga”, nas palavras do presidente, será reduzido para R$ 300 até o
final do ano.
Tal configuração permite
diversas críticas ao Estado, algo que ocorre há muito na sociedade brasileira.
De acordo com Jessé de Souza, as próprias ideias de Max Weber serviram para
basear o conceito de patrimonialismo de autores brasileiros, que em linhas
gerais, caracteriza o Estado e sua elite como “parasitas” da população. O
problema dessa teoria é, segundo Jessé, a idealização do mercado e demonização
do Estado. O pensamento weberiano, porém, desconstrói essa afirmativa, visto
que o sociólogo reflete a ambiguidade da sociedade capitalista, onde o capital
gera riqueza e desigualdade em grandes proporções. Assim, pode-se perceber uma
tentativa de utilizar a sociologia de Weber para legitimar o senso comum de
crítica ao Estado no atual contexto neoliberal.
Em suma, o pensamento de Max
Weber permite importantes reflexões acerca do ordenamento da sociedade frente
uma situação tão atípica como a pandemia. Através desse acontecimento, consegue-se
demonstrar com clareza a imperatividade capital, que tem o comando da ordem econômica
e submete toda a população aos seus interesses, deixando de lado fatores
básicos como a própria saúde.
Referências
SOUZA, Jessé de. A atualidade
de Max Weber no Brasil. Revista Cult. Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/a-atualidade-de-max-weber-no-brasil/>.
Acesso em 03 de Set. 2020.
BOLSONARO diz que Auxílio Emergencial
será de R$ 300 por mais 4 meses. G1, Brasília, 01 de Set. 2020.
Disponível em: < https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/09/01/bolsonaro-diz-que-auxilio-emergencial-sera-r-300.ghtml>.
Acesso em 04 de Set. 2020.
Livia Mayara de Souza Rocha –
1º ano Direito – Matutino
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