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sexta-feira, 4 de setembro de 2020

A pandemia e o individualismo

    A atual pandemia do Coronavírus instituiu diversos comportamentos novos na sociedade brasileira. Os indivíduos, até por mecanismos jurídicos, foram obrigados a obedecerem a quarentena, utilizarem álcool em gel e adotarem o uso contínuo de máscara nos locais públicos. Essas práticas, incentivadas pelo Ministério da Saúde, foram implantadas visando o bem coletivo. O uso de máscara, por exemplo, evita o contágio de novos indivíduos e, portanto, evita a lotação dos leitos e da expansão da pandemia.

    Ao longo do tempo, a quarentena foi se flexibilizando para a volta do comércio e a rotação da economia; mas uma contribuição inconsciente de cada indivíduo para continuar usando a máscara para uma flexibilização tranquila foi instituída. Entretanto, essa expectativa não foi concretizada. O centro de Campinas, cidade localizada no interior de São Paulo, por exemplo, lotou logo no primeiro dia da reabertura do comércio.

    Observou-se longas filas e uma grande aglomeração. Muitos indivíduos sem máscara. Essa ação prejudicou a situação da pandemia, pois logo na semana seguinte observou-se um crescimento significativo dos números de casos da cidade. De outro modo, a ação individual de não se preocupar com o coletivo e não tomar as ações preventivas gerou um efeito de aumento de contaminados da sociedade como um todo.  

    Essa situação pode ser analisada pela teoria do jurista alemão e um dos fundadores da sociologia Max Weber. Em sua obra “A Metodologia das Ciências Sociais”, o autor explica o conceito de ação social. Na teoria, se caracteriza como toda ação do indivíduo em uma relação social, ou seja a convergência das relações individuais, movida por valores. De outro modo, são ações em que os indivíduos buscam achar correspondência com a ação dos demais, sejam estas com um feed back positivo ou negativo.

    Sendo assim, no caso de Campinas, o não uso da máscara por determinados indivíduos caracterizou-se como um correspondência negativa em relação aos demais. Esperava-se que todos utilizassem o equipamento de proteção para uma reabertura segura, porém não foi o que aconteceu. Quais foram os valores utilizados para a decisão de não uso das máscaras? Desconhecimento? Egoísmo? Talvez seja apenas o individualismo e a não preocupação com o bem coletivo. 


Referências bibliográficas:

ACidadeON Campinas. Consumidores lotam a Rua 13 de Maio em reabertura do comércio: Desde a manhã de hoje muita gente já estava esperando a volta das atividades do comércio não essencial. 8 jun.2020.Disponível em: https://www.acidadeon.com/campinas/cotidiano/coronavirus/NOT,0,0,1523078,consumidores+lotam+13+de+maio+em+reabertura+do+comercio.aspx. Acesso em: 04 set. 2020.

WEBER, Max. “A ‘objetividade’ do conhecimento na ciência social e na ciência política” (1904). IN: A Metodologia das Ciências Sociais. São Paulo: Cortez; Campinas: Ed. da UNICAMP, 1933, pp. 107-154.


Julia Alves Bensi - Direito Matutino 


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