Durante o século XX, sob a luz da Guerra Fria e da bipolarização, o conceito de social-democracia ganhou certo destaque. Na época, como fosse uma espécie de meio termo entre os dois lados em disputa, parecia a solução perfeita por manter o interesse da burguesia como combustível motor da sociedade ao mesmo tempo que não deixava de lado a intervenção estatal no ofício de garantir (ou amenizar a ausência de) uma qualidade de vida digna para todos e não para apenas uma parcela da população. Mas essa teoria toda não se aplicou na prática.
Os teóricos
da social-democracia divergiam e discordavam dos marxistas no sentido de que não
intentavam a coletivização dos meios de produção. Esses teóricos, pelo
contrário, abraçavam o capitalismo, ao mesmo tempo que usavam a política e os
meios a sua disposição para tentar amenizar seus efeitos, “morder e assoprar”. Assim,
a social-democracia propunha reformas, mas não reformas demais. Reformas, mas
mantidas na remediação das consequências muito mais do que na intervenção nas
causas. Reformas, mas dentro do permitido pelo capitalismo.
As principais
críticas a essa perspectiva política tinham exatamente esse viés, o de
questionar até que ponto a social-democracia era eficiente, até que ponto era
inteligente confiar nas boas intenções dos que estão no poder. Estava ela
propondo mudar algo porém utilizando os meios errados para atingir esse
resultado, ou será que ela nunca se propôs a mudar algo de verdade?
Toda essa
narrativa se relaciona diretamente com o conceito de dominação desenvolvido
pelo sociólogo alemão Max Weber. Weber argumenta que a relação de dominação é
por essência não ideal, independentemente dos esforços do dominador para
amenizar os impactos negativos de sua soberania. Isso porque dominação, para
Weber, era definida justamente como a apropriação de recursos escassos e
necessitados por toda a sociedade, apropriação essa legitimada pela aceitação dos
dominados. Max Weber considerava a existência da dominação, seja ela de qualquer
natureza, imprescindível para a vida social.
Dessa forma,
seguindo as ideias weberianas, mesmo que, é claro, a social-democracia
represente um modo de governo menos nocivo que o liberalismo, ainda o é, por
estar fundamentada na manutenção do capitalismo, sistema cuja idiossincrasia é
a existência de uma cadeia de hierarquias e dominações bem definida.
Leonardo
Bastos Stevanato – Direito matutino
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