Anteriormente
ao século XVI, a acumulação de riquezas era vista pelos cristãos católicos como
oponível ao reino dos céus. Mediante a esse cenário, somados a uma burguesia fervorosa
em ascensão, tornou-se propício a Martin Lutero e posteriormente João Calvino a
iniciação de uma reforma protestante. Calvino defendia a salvação pela fé, valorizava
o trabalho e a acumulação de dinheiro como sendo o caminho para os céus, quanto
mais dinheiro, mais predestinado o indivíduo. Isso fez com que brilhasse os
olhos da burguesia da época, que se tornaria a principal classe na revolução
industrial e a implementadora de um espírito capitalista que fora estudado pelo
filósofo Karl Marx, mas também pelo intelectual Max Weber que discutiremos a
seguir.
Para compreensão
dessa classe burguesa dentro do cenário capitalista, Weber definiu a sociologia
como ciência da realidade, uma crítica do mundo, com o objetivo de explicação
do curso efetivo da ação social de acordo com sua conexão de sentido, definindo
essa como o modo de condução da vida do indivíduo orientada em relação ao outro.
Ele classificou a ação social em 4 tipos possíveis, as duas primeiras são
consideradas racionais, porém contrastam sob o prisma da ética da
responsabilidade versus a ética da convicção. A primeira tem relação a um
objetivo, combinando os meios com a racionalidade para atingir essa determinada
finalidade, independentemente de sua crença. Já a segunda relaciona-se com a fidelidade
de suas ideias, expressão de seus próprios valores. Os outros dois tipos não são
considerados racionais, mas emocionais, como a ação efetiva, estimulada pelas
paixões do indivíduo e a ação tradicional incentivada por hábitos e costumes.
Através
de seus estudos e pesquisas, Weber se tornou um dos principais responsáveis
pelo salto qualitativo na evolução do conhecimento sobre a teoria da
administração, na medida em que encaminhou suas ideias por meio do tipo ideal
da burocracia, na direção da sociologia da organização. Essa ferramenta metodológica
para a análise da ação social cumpre duas funções básicas, a de fornecer um
caso limitativo com o qual os fenômenos concretos podem ser contrastados, ou seja,
um conceito inequívoco que facilita a classificação e a comparação. E também,
serve de esquema para generalizações que, por sua vez, servem ao objetivo final
da análise do tipo ideal, a explicação causal dos acontecimentos históricos.
Hodiernamente,
um exemplo desse conceito que não corresponde a algo que deve ser, mas o
objetivamente possível, fica evidente quando pensamos em democracia temos um
conjunto de características em nossa mente dando origem a um todo idealizado, o
Tipo Ideal. Então ao observar um sistema político contrastamos com esse tipo
que imaginamos para classificar esse sistema como democrático ou não.
Através
do entendimento das relações sociais e seus tipos, Weber explica a dominação presente
no nosso atual sistema capitalista que pode justificar-se em especialmente duas
formas básicas, a burocrática e a carismática. Quanto à dominação carismática,
pode-se dizer que ela está centrada na crença da santidade, do heroísmo de
determinada personalidade e nas regras por ela reveladas por meio da devoção. A
forma de dominação burocrática é a mais evidente no nosso sistema já que é caracterizada
pela autoridade que encarna o direito, onde a luta pelo poder é a luta pela
influência decisiva sobre as ordenações jurídicas que são instituídas.
Matheus Solbiati Braga 1°Ano Direito - Matutino
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