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segunda-feira, 11 de abril de 2016

A perda do positivismo

Em meio a um fervilhamento social na Europa, com as Revoluções Liberais e a Revolução Industrial, surge a necessidade de algo que compreendesse tais acontecimentos de forma científica e prática. Augusto Comte propõe a ciência da sociedade, a filosofia positiva, que visa aprender os movimentos e fenômenos sociais, com a interpretação e o conhecimento de uma sociedade real, rompendo com a filosofia que foca na ideia de como a sociedade deveria ser.
            Movidas pelo mercado, as relações sociais estavam alienadas ao trabalho, como algo ontológico, os homens não compreendiam mais o mundo, criando a insatisfação, por exemplo o ludismo. Assim, a física social surge para analisar e agir sobre tais desajustes da sociedade, pois a irracionalidade das pessoas se dava em razão da incapacidade de observar a realidade. O positivismo seria um amadurecimento do espírito humano, no qual somente são reais os fatos que repousam sobre a observação.
           De acordo com o método de que o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer a causa mais íntima dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado entre o raciocínio e a observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e similitude; analogamente às Leis de Newton na física. Desta forma, a ciência passaria a conduzir as relações humanas, capaz de dizer o que as coisas são.
            O lema positivista “Ordem e Progresso” presente na bandeira brasileira é explicado pelas leis estática e dinâmica da física social comtiana. A estática diz respeito a condições orgânicas de que dependem determinadas funções: leis, normas e morais que são transmitidas e não mudam. Já a dinâmica é a marcha efetiva do desenvolvimento humano: a manutenção das relações sociais. Ou seja, a ordem pregada pela lei estática é elemento fundamental para o progresso pregado pela lei dinâmica, um retroalimentando o outro.
Sendo assim, a dinamicidade da sociedade que está baseada nesta binaridade tem o trabalho como elemento fundamental, extremamente valorizado na atualidade, tornando-se um trinômio de sinônimos. No entanto, questiona-se até que ponto o labor, na atualidade, é saudável para a mente humana, uma vez que este é empregado de forma corrompida pela mentalidade capitalista da busca incessante do lucro, utilizando da disposição alheia para alcançar seus interesses, sob a égide da mais-valia. O positivismo de ideias progressistas que visava o desenvolvimento perdeu-se em meio à ganância e à ambição humana de dominação.

Henrique Mazzon - Direito Noturno

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