Para Comte existe uma marcha progressiva que impulsiona o espírito humano ao decorrer da história. Ao dividir tal marca em três fases ( teológica, metafísica e, por fim, positiva ) o filósofo declara ser a última fixa e definitiva. O que, a meu ver, é um completo equívoco. Explico: a 'marcha' da humanidade mostra-se cíclica, e não progressiva como afirma.
Ébrio pelas luzes do progresso e racionalidade das vésperas da Belle Époque, parece-me que o pensador analisou unicamente a sociedade pós feudal, parece-me que esqueceu que o termo Renascimento remete ao próprio caráter cíclico da humanidade. Talvez tenha sido correto ao estabelecer a sequencialidade específica entre os três estados do espírito humano, entretanto, foi infeliz ao não reconhecer que, ao invés de definitivo, o terceiro estado precede a retomada do primeiro.
Ao que se parece, é, para os seres de nosso atual tempo, mais fácil a visualização desse fato já que todo o progresso, exaltado por Comte, desde então tem saturado o espírito humano que então volta a buscar por mistificações em seu meio.
Em comparação à evolução de toda a espécie, o francês observa as etapas da construção de um único indivíduo. Ao notarmos que, é de fácil conhecimento a vida e a história de um homem singular pela efemeridade de sua existência, se torna falha a relação já que até então não se pode afirmar sobre toda a vida da espécie por motivos óbvios, ela ainda está em curso.
E mesmo que queira, assim, determinar simbolicamente nascimentos e declínios ao se tratar das sociedades, fica claro que todas elas, ao longo do curso da história, realmente nascem com todo o viés teológico mencionado, mas não se estabelece em infinita racionalidade, Ao contrário, o 'progresso' se torna intragável, em certo ponto, ao espírito do homem, que tende a retornar ao seu estado mítico.
Gustavo Soares Pieroni
Direito Matutino - 1º Ano
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