Fruto
de uma relação familiar tempestuosa, Augusto Comte nasceu em Montpellier, na
França, em janeiro de 1798. Teve na Escola Politécnica de Paris – para ele, modelo
ideal para a educação superior – seu primeiro contato com “uma comunidade
verdadeiramente científica”; entretanto, foi ao estudar o Esboço de um Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano, de
Condorcet, que o pensador se depara com um dos principais pontos de sua
filosofia: os descobrimentos e invenções da tecnologia levando o homem para o
interior de uma completa racionalidade. Após sair da Escola Politécnica, Comte
cooperou com Saint-Simon e, posteriormente, iniciou seu próprio curso, dando
origem a uma de suas principais obras, o Curso
de Filosofia Positiva.
O
conservador francês fundamenta que a sociedade só poderia ser habilmente reorganizada
por meio de uma íntegra reforma intelectual do homem. Diferente de outros
filósofos de seu tempo – como o próprio Saint-Simon –, Comte pregava que, antes
da ação empírica, os homens deveriam adquirir novos hábitos de pensar de acordo
com as ciências contemporâneas. O método comteano compôs-se em derredor de três
temas elementares: uma filosofia da história, com o objetivo de mostrar as
razões pelas quais uma certa maneira de pensar deve imperar entre a humanidade,
uma fundamentação e classificação do conhecimento baseado no pensamento
positivo e, por fim, uma nova religião de renovação social que permitisse a
reforma prática das instituições.
A
filosofia da história sintetiza-se na lei dos três estados, proposição de Comte
que diz que todas as ciências e o espírito humano desenvolve-se, de forma
assintótica, em três fases: a teológica, a metafísica e a positiva. No estado
teológico, a imaginação desempenha papel definitivo, uma vez que, diante da
multiplicidade da natureza, o homem só compreende o mundo por meio da crença em
deuses e espíritos; nesse estágio de desenvolvimento, o ser crê na posse
absoluta do conhecimento, utilizando essa mentalidade para fundamentar a vida
moral. No estado metafísico, o homem transita para a ideia de forças na
intenção de substituir as divindades da fase teológica; aqui, a natureza é a unidade
que corresponde ao deus único do monoteísmo. Ambos procuram explicar a origem e
o destino das coisas.
Já o
estado positivo tipifica-se pela subordinação da imaginação e da argumentação à
observação: cada enunciado positivo deve ser proporcional a um fato. Nessa fase
do conhecimento, não se busca a essência das coisas, mas, sim, a vinculação
imutável entre os fenômenos. Na mesma época, o mesmo procedimento surge em Bacon,
Galileu e René Descartes – os fundadores da filosofia positiva para Comte. Ao
contrário dos estados teológico e metafísico, o positivismo considera
impossível a redução dos fenômenos naturais a um só princípio como Deus e a
natureza. Para Augusto Comte, a união entre a teoria e prática torna-se uma possibilidade,
uma vez que, observando as relações imutáveis entre os eventos, é possível
prever o seu futuro desenvolvimento. A previsibilidade científica permite o
desenvolvimento do know-how,
correspondente de um meio industrial capitalista, concentrando, na esfera
político social, o conhecimento nas mãos de uma elite de sábios e cientistas.
Alexsander Alves,
Ingressante do Direito Noturno (XXXII, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais)
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