O filme “Ponto de Mutação”, baseado no livro de Fritjof Capra, faz forte crítica à teoria do conhecimento cartesiano. Aponta o fato de que essa forma de análise está embutida na história do pensamento ocidental, e guia qualquer preceito da ciência moderna, criou-se um pensamento coletivo e cultura muito forte. O filme demonstra o latente defeito que entorna tal método.
A teoria de Descartes defende que na análise de um objeto maior, faz-se necessária a divisão do assunto em tantas partes quanto possíveis. Para que, ao estudá-las individualmente, seja possível a compreensão do todo. Fritjof Capra afirma que com o tempo, ao passarmos a analisar todo o mundo sob essa visão, nos tornamos incapazes de entender o todo. Propõe então uma concepção de visão do mundo mais complexa, a Sistemática. Esta defende a compreensão da conexão entre os sistemas naturais e sociais que nos regem, para posterior resolução de seus problemas.
O que traz a questão de que a atual forma de pensamento social pode não ser capaz de solucionar os problemas que à cercam. Questões como fome ou as freqüentes crises políticas estão longe de serem resolvidas. Estaríamos nós apenas sobrepondo um problema a outro sem, de fato, resolve-los? O filme aponta que o conhecimento nem sempre é benéfico, que o ditado “saber é poder” impregnado na filosofia atual nem sempre é verídico. Será então, que nos tornamos tão cegos pela busca das causas e do conhecimento, que não observamos seus reais efeitos?
A análise proposta por Capra nos traz uma alternativa a essa realidade. Se nos tornarmos capazes de mudar a forma como a sociedade enxerga a natureza e como enxerga a si, de forma que entendamos os sistemas interligados ao nosso redor, talvez também passemos a ver outras soluções para nossos infinitos problemas.
Nicole Gouveia Martins Rodrigues
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