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quarta-feira, 20 de março de 2024

O positivismo nas relações internacionais do Brasil

 “O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A CONIB pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país.” (CONIB, 2024)

A citação acima faz parte de uma declaração feita pela CONIB (Confederação Israelita do Brasil), que repudiou a fala do Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o genocídio de palestinos perpetrado pelo Estado de Israel nos últimos meses. A utilização de palavras como “equilíbrio”, “busca de diálogo” e “moderação” não foi por acaso, elas remetem uma visão positivista de como as relações internacionais do país devem funcionar, tese que não é só defendida pelo órgão citado, mas também por diversas entidades e pessoas que discordaram da fala do chefe de Estado brasileiro.

Para Augusto Comte, idealizador do pensamento positivista, a sociedade moderna é convulsionada por dois movimentos, o de desorganização (anarquia moral e política que ameaça a ordem social de dissolução) e o de organização (responsável por desenvolver os meios de propriedade para conduzi-la a um estado social definitivo da humanidade), gerando o resultado de crise no âmbito coletivo (1978, p.62). Dessa forma, a declaração de Lula é representante desse primeiro movimento, já que a sociedade brasileira é regida por uma tradição judaico-cristã que associa automaticamente a fé hebraica com o Estado de Israel moderno, gerando uma retaliação organizacional que rebate qualquer tipo de crítica ao país do oriente médio, mesmo que sejam fundamentadas, com a finalidade de restabelecer o que pode ser entendido como natural do sistema vivido.

Assim, a expressão “tradição de equilíbrio”, utilizada pela CONIB, apela para que o Brasil retorne ao molde diplomático do qual sempre fez parte, assumindo uma “neutralidade” que assevera uma concepção moral que se escandaliza, assertivamente, com o período histórico do Holocausto, mas que trata a morte de mais de 28.000 pessoas (Exame, 2024) como consequência meramente formal da defesa de um país atacado por terroristas. 


Referência bibliográficas


COMTE, Augusto. Sociologia. (Coleção Grandes Cientistas Sociais) Org. de Evaristo de Morais Filho. São Paulo: Ática, 1978.


CONIB. CONIB repudia fala de Lula que banaliza o Holocausto. 2024. Disponível em: https://www.conib.org.br/noticias-conib/38487-conib-repudia-fala-de-lula-que-banaliza-o-holocausto.html. Acesso em: 17 mar. 2024.


EXAME. Número de palestinos mortos por conflito entre Israel e Hamas chega a 28 mil. 2024. Disponível em: https://exame.com/mundo/numero-de-palestinos-mortos-por-conflito-entre-israel-e-hamas-chega-a-28-mil/. Acesso em: 17 mar. 2024

Daniel Nobre Fernandes da Silva. 1º Ano, noturno. RA: 241221072.

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