O Brasil nasceu com pilares fundamentados nas costas homem negro e pardo,
pois desde seus primeiros anos a preocupação dos colonizadores era justamente
como conseguir mão de obra para explorar aquela nova terra, e a primeira
solução aventada e colocada rapidamente em prática foi trazer navios negreiros cheios
de pessoas arrancadas a força de seus lares e comunidades e tornar o homem
negro escravo, a escravidão no Brasil visou enriquecer o colonizador, porém as
estradas abertas pelos negros existem e são usadas ate hoje, a exemplo a Estrada
do Rei, que segue de Minas Gerais até o litoral, os milhões de hectares de mata
transformados em pastos, e o Brasil foi um dos últimos países do mundo a abolir
a escravidão em 1888, não sem forte resistência e grande derramamento de sangue
negro e pardo, porém ao se ver obrigado a libertar o homem negro, criou
instantaneamente a desigualdade social e o racismo, usado como base para perpetrar
teorias lombrosianas e toda sorte de atrocidades.
A política de cotas no Brasil é uma politica de reparação por crimes
perpetrados por séculos, pelo homem branco em desfavor ao homem negro e pardo, porém
a princípio nos parece que este problema de desigualdade só fora percebido pelos
políticos recentemente, mais precisamente em 2012, mas a pauta é antiga e
homens brancos, eruditos, bacharéis em direito, inclusive, como vemos desde ao
inicio da Republica que vários deles passaram pelos bancos de Universidades
renomadas como a USP e UFMG , e esses homens, que grandes pensadores como eram,
tinham total noção e conhecimento do massacre que era perpetrado contra o povo
negro e pardo brasileiro, físico e cultural não se importaram em tentar
melhorar a vida dessas pessoas através de políticas públicas, saúde, empregos,
muito pelo contrário, favoreceram a criação de favelas e de leis voltadas
especificamente para punir e controlar sistematicamente a população negra e
parda e esses homens são em maioria os pais da pátria a quem tanto
reverenciamos.
O negro e pardo já nascem no Brasil com um joelho no pescoço, pois desde
tenra idade já sente a distinção de como é tratado pelo seu tom de pele, pelo
seu cabelo, pela sua origem, e desde sempre isso é considerado muito normal, em
como o mesmo é tratado pela polícia, nas repartições públicas em restaurantes e
mercados, em como facilmente se vê em problemas em que sua voz não é ouvida.
Se o negro está em um emprego ou ambiente onde ele é esperado não se
estranha sua presença, mas se o negro ou pardo decide ir a algum lugar
considerado “melhor”, logo percebe o primeiro olhar desconfiado na mira de sua
pessoa, o segurança do lugar, que o segue com os olhos desconfiados por onde
quer que ande ou no mercado onde sem muita cerimonia lhe pedem para levantar a
camisa para ver tem leva algum item subtraído.
A política de cotas nos concursos e Universidades tem como finalidade
diminuir o abismo que existe entre negros, pardos e brancos, pois de nada serve
a Constituição Federal dizer que os homens são iguais entre si, se a um deles é
negado o básico, a saúde, a educação, a moradia, enquanto ao outro é reservado
desde longa data casa melhor, plano de saúde, lazer, comida, entretenimento, o
direito de não precisar ser arrimo de uma família e estudante ao mesmo tempo, e
é fato que após uma vida vivida as margens da sociedade o resultado não fosse o
mesmo, uma vez que as condições são completamente diferentes, sem trazer a
baila a discriminação e a violência física, as oportunidades materiais já deixam
o negro e pardo sem condição de pleitear as mesmas vagas, perpetuando assim o círculo
vicioso da pobreza.
O governo planeja, em 2022, uma revisão da política de cotas raciais em
concursos e vestibulares, mas mais que notório, o regime supremacista branco de
direita deseja colocar em pauta o tema para extinguir, sufocar, dizimar a política
de cotas raciais, e note que a política de cotas raciais fora criada para
tentar minimizar o abismo social que existe hoje no Brasil entre brancos, negros
e pardos, e note o absurdo que, após séculos de roubos, assassinatos, estupros
e violência de todas as formas, omissão e negligência, o governo resolve que em
10 anos está tudo equiparado, quando na verdade no ano de 2012 em que foi
fundada a Lei de Cotas, a mesma já estava 30 anos atrasada com relação a países
como estados Unidos e mesmo lá, após mais de 40 anos da criação da lei de política
de cotas raciais, ainda não se cogita a revisão dessa conquista, pois sabe-se
que o abismo social ainda é gigantesco.
Só seria aceitável que se revisse a politica de cotas raciais quando esse
abismo social fosse diminuído, que através de provas práticas e estatísticas fundamentadas,
e não dados falsos criados a partir de conceitos distorcidos, como hoje é feito
no Brasil, por essa política calcada no genocídio, que provassem que o abismo
absurdo entre negros pardos e brancos estivesse sendo realmente tapado.
DIREITO MATUTINO
TURMA: XXXVIII
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