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domingo, 17 de maio de 2015

Mudar, ascender

        Augusto Comte é considerado o pai da Teoria Positivista, na qual tenta desenvolver a proposta de uma nova ciência, tendo como objeto de estudo a sociedade humana a partir do que ela é. Com início no ano de 1830, Comte propõe uma nova configuração para o mundo e para a sociedade em geral. Nesse contexto, pode-se encontrar aspectos que são característicos dessa teoria em questão no meio social atual, no que se refere aos indivíduos tomados pelo conservadorismo sem limites.
      O estudioso referido explicita em parte de seu estudo que para haver a ordem da sociedade é necessário que cada parcela desta cumpra uma determinada função. Com isso, infere-se que ele considera um grupo social estamentalizado, isto é, sem a possibilidade de ascensão de uma classe para outra, ou uma evolução em relação ao cargo exercido por cada parte dela.
      Assim, ao se realizar um paralelo com a forma de organização social de hoje pode-se perceber que muitos ainda pensam com o viés positivista, quando afirmam discursos preconceituosos e egoístas ao excluir a possibilidade de os mais pobres de recursos atingirem o estudo superior ou até mesmo melhores condições de vida. O conservadorismo enraizado na sociedade brasileira faz com que muitos ainda associem a cor de pele à função de trabalho, e a famosa afirmação “coloque-se no seu lugar” perpetua no meio em que se vive atualmente. Assim, o progresso - imprescindível para ordem - tanto defendido por Comte, fica de fato, comprometido.
      A sociedade brasileira, embora muito tenha evoluído ao longo de seu desenvolvimento carrega consigo estruturas exclusivas que comprometem seu sucesso com um todo. Dito isto, pode-se considerar a ideia de que empregadas domésticas em novelas, quase que em sua totalidade, são representadas por atrizes negras, como tantas outras funções de menor exigência cognitiva. Desqualifica-se a função ao invés de profissionalizá-la ou fornecer mecanismos de ascensão eficazes.
       Com efeito, o positivismo de Comte, ao se considerar o viés de uma sociedade com classes sem ascensão, pode ser vista, de certa forma, hodiernamente. Ao contrário do que expunha Camões, em seus versos:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.



Gabriela Cabral Roque
Introdução à Sociologia
1º ano -  Direito diurno



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