Mudar,
ascender
Augusto
Comte é considerado o pai da Teoria Positivista, na qual tenta
desenvolver a proposta de uma nova ciência, tendo como objeto de
estudo a sociedade humana a partir do que ela é. Com início no ano
de 1830, Comte propõe uma nova configuração para o mundo e para a
sociedade em geral. Nesse contexto, pode-se encontrar aspectos que
são característicos dessa teoria em questão no meio social atual,
no que se refere aos indivíduos tomados pelo conservadorismo sem
limites.
O
estudioso referido explicita em parte de seu estudo que para haver a
ordem da sociedade é necessário que cada parcela desta cumpra uma
determinada função. Com isso, infere-se que ele considera um grupo
social estamentalizado, isto é, sem a possibilidade de ascensão de
uma classe para outra, ou uma evolução em relação ao cargo
exercido por cada parte dela.
Assim,
ao se realizar um paralelo com a forma de organização social de
hoje pode-se perceber que muitos ainda pensam com o viés
positivista, quando afirmam discursos preconceituosos e egoístas ao
excluir a possibilidade de os mais pobres de recursos atingirem o
estudo superior ou até mesmo melhores condições de vida.
O conservadorismo enraizado
na sociedade brasileira faz com que muitos ainda associem a cor de
pele à função de trabalho, e a famosa afirmação “coloque-se no
seu lugar” perpetua no meio em que se vive atualmente. Assim, o
progresso - imprescindível para ordem - tanto defendido por Comte,
fica de fato, comprometido.
A
sociedade brasileira, embora muito tenha evoluído ao longo de seu
desenvolvimento carrega consigo estruturas exclusivas que comprometem
seu sucesso com um todo. Dito isto, pode-se considerar a ideia de que
empregadas domésticas em novelas, quase que em sua totalidade, são
representadas por atrizes negras, como tantas outras funções de
menor exigência cognitiva. Desqualifica-se a função ao invés de
profissionalizá-la ou fornecer mecanismos de ascensão eficazes.
Com
efeito, o positivismo de Comte, ao se considerar o viés de uma
sociedade com classes sem ascensão, pode ser vista, de certa forma,
hodiernamente. Ao contrário do que expunha Camões, em seus versos:
Mudam-se
os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Gabriela Cabral Roque
Introdução à Sociologia
1º ano - Direito diurno
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