O
positivismo surge no
período de consolidação do capitalismo, uma fase cuja
ferramenta mais inovadora para obter conhecimento seria a filosofia
pura.
Augusto
Comte então, propõe a
utilização de
uma física social e
a partir da teoria positiva insere na realidade um estudo prático
dela própria, uma ciência da sociedade. É
um
inovador método para apreender o borbulhar social da época.
A
famigerada filosofia
positiva
considera o progresso como finalidade social.
Além disso, sistematiza o conhecimento humano, pautando-o em três
fases de evolução: a teológica, a metafísica e a positiva (mais
evoluída na construção do conhecimento).
São essas as bases para o entendimento de Comte. O
autor então, utiliza uma analogia
newtoniana: assim
como no sistema solar, Comte procura o que é imutável, o que é
constante na sociedade, o que é regular. Caso a ordem seja
perturbada o equilíbrio de desfaz. Para ele
existem lugares sociais e papéis sociais determinados.
Essa
comparação, serve, portanto, à
época como substrato ao sistema capitalista, no
qual,
a dicotomia
burguesia x operariado
era um dos alicerces do modo de produção, eram
posições sociais fixas. Na realidade atual é nítida a influência
de Comte nos estados totalitários, pois a racionalização da
sociedade, colocando a ordem
como fator essencial para o progresso, é um método para garantir o
que propõe o positivismo: a normalidade social. Nesta,
a separação das funções sociais é bem marcada (alguns são os
braços, outros os cérebros) e condenando a miséria
e a desigualdade, considerando-as anormais, fatores perturbadores da
ordem, garantida pelo estado.
Entretanto,
é
com
o neoliberalismo majoritariamente posto nas nações
atuais, que
o positivismo entra em conflito, pois, nesse sistema vigente,
a meritocracia e o livre mercado
são bases imutáveis. Essas bases, portanto, na visão Comtiana
seriam receitas certeiras para a disfunção social, pois a
desigualdade seria consequência
imediata. Na chacina da candelária, no ano de 1993, existiu uma
forte intenção positivista, mesmo que velada, em acabar com a
desordem social, representada pelas crianças mendigas. Entretanto a
consequência foi de caráter liberal, visto que os direitos daquelas
crianças sobreviventes não foram resguardados pelo estado, de modo
à inseri-las na roda da conjuntura social considerada “normal”,
pelo contrário, elas continuaram sendo marginalizadas.
Afinal,
é
interessante o fato de que até os dias atuais essa teoria permeia a
realidade social, apesar das inovações trazidas pela sociologia
moderna (com Weber, por exemplo). Mesmo ultrapassada em tese, na
prática, a filosofia positivista é muito contundente e confronta-se
com o setor mais liberal no contexto do século XXI.
Ana Flávia Toller - 1º ano Direito Diurno - Introdução à Sociologia - Aula 4 - Comte e o Positivismo
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