Dubitável natureza humana
Augusto Comte, pai do positivismo, afirmava
que sociólogos e biólogos deveriam ascender a primeiro lugar no mundo
intelectual. Essa afirmação mostra claramente como a humanidade é endeusada
para Comte. Para a maior compreensão de sua obra, é necessário falar sobre os três
estados do conhecimento. O primeiro é o teológico, no qual as observações são
rasas e as explicações ocorrem mediante crendices; o de transição é o metafísico,
tendo o surgimento da razão e o entendimento pelas forças da natureza; e por
último o positivo, baseado em leis imutáveis e fenômenos interconectados.
Esses estados iriam acontecendo conforme a
passagem do tempo e na visão do sociólogo no estado teológico o poder político
estaria na mão do rei, já no metafísico estaria no poder dos juristas e ao
chegar ao estado positivo o poder estaria na mão dos sábios e cientistas. Como
dito em “Na esfera política, o espírito metafísico corresponderia a uma
substituição dos reis pelos juristas...” (Os Pensadores, pag. 18) e em “Nos
domínios do social e do político, o estado positivo do espírito humano marcaria
a passagem do poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas e do poder
material para o controle dos industriais.” (Os Pensadores, pag. 21)
Analisando essa última sentença, vemos que
Comte tende ao que poderia ser chamado de Aristocracia, governo dos melhores,
ou seja, em face de conflitos resultantes da Revolução Francesa e da Revolução
Industrial, sua perspectiva era de que a elite burguesa substituiria a nobreza.
Portanto, o estado positivo nada diz a respeito dos ideais de igualdade e
justiça. Contudo sua obra ainda é muito presente em nossa época, especialmente
no Direito, tendo em vista o direito positivo, aquele que está gravado nas
leis, códigos e na constituição federal. Surge assim a crítica ao Positivismo:
como as relações humanas e o senso de justiça caberiam numa esfera de “ciência como
investigação do real, do certo e indubitável”?
Júlia Andrade Nunes Queiroz - 1º ano Direito Noturno
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