Quando, há
mais de dois séculos, houve o consenso de que jacobinos e girondinos se
sentariam separados, criou-se um dos rótulos mais estigmatizados e duradouros
da Idade Contemporânea. Divide-se hoje a política em Direita e Esquerda como na
França do século XVIII. Seria, todavia, a política atual igual àquela?
São exemplos
da extrema-direita os regimes nazi-fascistas do século XX, como os de Hitler,
Mussolini e Franco. Os regimes nazi-fascistas têm em suas bases o pensamento
positivista, criado por Augusto Comte, que
prega um utilitarismo exacerbado, palavras autoritárias e de cunho fortemente
ideológico — como “Ordem” e “Progresso” — e o coletivismo. Getúlio Vargas tinha
nos regimes nazi-fascistas europeus sua mais clara referência na construção do
Estado Novo. Coloca-o mais à direita também o fato de ter perseguido e torturado
comunistas, anarquistas e socialistas.
Meu questionamento
é: Sendo Vargas um sinônimo da direita radical, por que foi classificado João
Goulart, seu discípulo, como “comunista”?
João Goulart foi peça essencial do plano positivo-desenvolvimentista de
governo de Vargas, tendo, inclusive, tentado dar continuidade a ele durante seu
governo. Foi então classificado como de esquerda simplesmente por defender as
reformas de base? Seria então também Mussolini um expoente da Esquerda, por ter
proposto a reforma agrária?
A única
resposta coerente é a de que não se pode, atualmente, classificar a política
como a classificavamos dois séculos atrás. A classificação “Direita-Esquerda”
perdeu sua função prática e tomou um viés puramente ideológico e alienante. É
curioso pensar que deveriamos ser simultaneamente mais de direita — ao defender
a troca dessa classificação por outra mais prática, como proporia Comte — e
mais de esquerda — ao expor que tal classificação apenas reforça esteriótipos e
impede a assimilação do melhor de cada polo para a superação do atual Estado de
Desigualdade. É, o mundo mudou.
Paulo Saia Cereda
1º ano de Direito (Diurno)
Introdução à Sociologia
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