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domingo, 17 de maio de 2015

A superficialidade comtiana

         Auguste Comte (1798-1857), fundador do positivismo, viveu na França em uma época marcada por revoluções, como a Revolução Industrial, e pela insatisfação da população, já que o capitalismo – consolidado – não atinge seus fins sociais. A corrente filosófica criada pelo autor de “Curso de Filosofia Positiva” se espalha pela Europa e está presente ainda hoje, por propor a compreensão da sociedade e, assim, a possibilidade de controlá-la.

Observando a sociedade de maneira realista, como uma ciência exata, o positivismo pensa as leis invariáveis, sempre válidas – como a lei da gravidade; e reconhece a impossibilidade de descoberta das razões mais profundas. São os estágios do conhecimento teológico e metafísico, o primeiro por agentes sobrenaturais e o segundo por forças abstratas, que buscam as causas íntimas, a origem e o fim dos fenômenos, enquanto o terceiro estágio, o Estado positivo, busca as leis que os regem.

O estudo positivista é separado em duas áreas: a estática e a dinâmica. A estática pode ser representada pelas instituições – a família, a escola, os valores e as formas de comportamento, o que mantem a sociedade unida; enquanto a dinâmica estuda o desenvolvimento humano. Estas áreas se fundamentam, respectivamente, na ordem e no progresso.

Para Comte, estruturas como a ética, a moral e o direito mantêm a ordem das sociedades, estabelecendo padrões de normalidade e garantindo a o progresso da mesma. Como a evolução depende da sociedade, cada um deve cumprir seu papel, negando a si mesmo pelo todo; a solidariedade e a cooperação têm a finalidade de manter a ordem social.

Apesar do positivismo ter grande importância para a época de Comte, esta corrente filosófica é bastante antiquada aos dias atuais. Ignorar a essência dos problemas, corrigindo-os apenas de maneira superficial, acaba por trazer um progresso aparente que, ao contrário do que imaginava o filósofo, não é real. Foi o que ocorreu no “Pinheirinho”, em São José dos Campos: em 2012, desocuparam a propriedade de Naji Nahas, ocupada por cerca de 400 famílias, contruindo-se um grande condomínio, o que dá a impressão de progresso; no entanto, as famílias que ali viviam, desalojadas, tiveram de habitar outro espaço abandonado, pertencente a outro indivíduo, ou seja, o problema não foi solucionado, não havendo, portanto, progresso.


Letícia Solia
1º ano de Direito - Diurno

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