Auguste Comte, num contexto de revoluções sociais mundias (Primavera dos povos), propõe uma análise da sociedade baseada no que ela é. Através de um método que buscava dar um embasamento científico para legitimar a valoração, o sociólogo faz uma analogia newtoniana sobre os aspectos sociais em que se vê inserido. Com uma proposta diferenciada dos demais pensadores de seu tempo, Comte sugere que a manutenção da ordem deve ser o principal objetivo da população. E para atingir tal fim, apresenta a ideia de que cada ser humano tem uma função social que deve ser realizada corretamente para que o bem-comum seja atingido.
O pensador, desse modo, justifica a desigualdade social, como algo necessário para que a harmonia seja mantida, ou seja, cada indivíduo deve receber um salário proporcional à contribuição socialmente dada por ele. Por exemplo, um empreendedor deve receber uma remuneração maior que um funcionário braçal por desenvolver um serviço mais cansativo, que seria o maior uso do intelecto na administração de uma empresa, inclusive sem um tempo determinado de serviço, enquanto o funcionário dispõe de uma jornada de trabalho previamente estabelecida, mas faz um papel de menor qualificação.
Sendo assim, Comte se mostra atual por legitimar a tão debatida meritocracia, uma ideologia segundo a qual cada ser humano tem o que merece, porque o conquista através de seu próprio esforço. No entanto, pode-se verificar que, apesar de parecer uma posição justa, a efetivação da meritocracia eleva as desigualdades sociais, pois o governo pode alegar que se determinada camada social não consegue atingir um objetivo a culpa é de sua falta de esforço, e não da ausência de condições mínimas que deveriam ser concedidas pelo Estado.
Entretanto, é importante destacar que no pensamento positivista, a sociedade é vista como um corpo, em que cada indivíduo é uma célula trabalhando para manter seu funcionamento harmonioso, sendo que, apesar das remunerações e qualificações diferenciadas, todos os tipos de papeis sociais têm a mesma importância, devendo ocorrer de maneira equilibrada para manter a ordem e caminhar rumo ao progresso.
Giovana Galvão Boesso
1° ano- Direito diurno
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