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segunda-feira, 27 de abril de 2015

O Cortiço de Bacon

O método do pai da ciência moderna perdura durante os séculos. O Empirismo e a Metodologia Científica foram criados pelo inglês Francis Bacon, em meados do século XVII, fazendo oposição ao “Labor da Mente” Aristotélico até então vigente. A indução e experiência por observação ganharam tamanha dimensão que a escola literária Naturalista (marcada pela obra “O Cortiço” de Aluísio Azevedo), sofreu grandes influências desses, mesmo após dois séculos da teorização de Bacon. Portanto, considerar “O Cortiço” uma aplicação eficaz da teoria baconiana.
O Naturalismo surgiu na segunda metade do século XIX, rompendo com os laços fantasiosos e alienados do Romantismo, juntamente com o Realismo, inaugurado no Brasil com a obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Sua fundamentação consiste em analisar comportamentos coletivos e a influência do meio nestes, sendo seus autores defensores das linhas de pensamento deterministas e evolucionistas. O autor em questão, Aluísio Azevedo na composição de sua obra morou três meses em um cortiço para analisar a rotina do ambiente, sendo assim, seus personagens aproximam-se quase em totalidade da verossimilhança (além de contar com a neutralidade do mesmo neste cosmo, imprescindível à aplicação eficaz do método científico). Ou seja, os dados coletados pela observação e explorados por seus sentidos foram processados pela razão e apena assim puderam compor uma obra efetivamente realística, o que comprova a funcionalidade do empirismo de Francis Bacon.
Outro ponto de análise é a personagem Pombinha. Em “O Cortiço”, Pombinha é uma exceção ao meio degradante, sendo uma das únicas personagens alfabetizadas e de educação regrada aos moldes católicos. Porém, sua conivência com Leoni, uma prostituta de luxo, consistiu em uma fortíssima influência externa, o que desencadeou uma brusca mudança de comportamento, levando a chamada “flor do cortiço” a exercer a mesma atividade de prostituição. Aplicando este exemplo á tese de Bacon, a persuasão que relações sociais ou convivências podem exercer sobre o indivíduo configuram os chamados Ídolos do Foro, os quais são capazes de distorcer a realidade em si, o que seria, contemporaneamente, uma ideologia.
É por sua dinamização que a teoria de Bacon sustenta a si própria dentre o tempo. A avaliação da realidade e sua teoria de regulação da mente por mecanismos de experiência guiam o indivíduo para a racionalidade. Ou seja, a observação do meio de um cortiço e sua interpretação (a experiência sensível em si) não trouxe ao autor deduções apenas pelo pensamento ou sentidos, e sim dados relacionados ao real, como aponta Francis Bacon.


Giulia Dalla Dea Vatiero
Direito Matutino - 1º ano

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