Predominante por dezessete séculos, o saber aristotélico viu-se, progressivamente, substituído por uma nova ciência da natureza. A revolução científica do século XVII teve Francis Bacon como um de seus maiores expoentes. Nascido em Londres, foi educado para a vida política e desempenhou, durante décadas, cargos públicos de grande notoriedade.
Bacon buscou, por meio do projeto Instauratio Magna, restaurar o domínio do homem sobre a natureza. Para o intelectual, o verdadeiro filósofo deveria permitir o progresso do conhecimento por meio de resultados práticos – pensamento defendido em sua obra mais famosa, o Novum Organum. O método indutivo compreende seis partes: classificação das ciências existentes, apresentação dos princípios de um novo método para conduzir a busca da verdade, coleta de dados empíricos, exemplos de aplicação do método, demonstração do avanço permitido pelo novo mecanismo e, por um fim, um resultado organizado do novo entendimento.
A divisão do conhecimento, pioneirismo de Francis Bacon, teve sua importância reconhecida por Diderot na primeira edição de sua enciclopédia (Encyclopédie). O método permitiu que os enciclopedistas, enfim, pudessem cobrir, organizadamente, todos os ramos do conhecimento. O inglês também discute em sua obra, contrariando Aristóteles, sobre as falácias lógicas do raciocínio humano: o saber só poderia ser alcançado quando o homem fosse capaz de livrar-se dos "Ídolos" – hábitos que conduzem ao erro como, por exemplo, o uso da ambiguidade das palavras.
Apesar de contemporâneos, Bacon e Descartes propunham formas distintas de construção do conhecimento. Enquanto este apostava em uma desconstrução matemática através da dúvida, aquele apoiava-se em experimentos que produziam dados suficientes para que, por meio do raciocínio indutivo, fosse possível chegar a leis universais. O desenvolvimento da ciência provou que os dois caminhos se complementam, uma vez que, apesar de propor à existência humana modos de observação, o pensador londrino reconhece a legitimidade da priori.
Romper com o aristotelismo levou Francis Bacon a inúmeras possibilidades. O uso organizado e sistemático da observação influenciou uma nova geração de cientistas como Hooke e Immanuel Kant, do inspirado "Crítica da Razão Pura", elevando-o ao patamar de ídolo da modernidade.
Alexsander Alves,
Ingressante do Direito Noturno (XXXII, Faculdade de Ciências Humanas e Sociais)
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