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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Construção da ciência moderna

Francis Bacon, em seu livro "Novum Organum", estabelece os princípios de sua filosofia e metodologia de pesquisa.
É objetivo do autor criar uma ciência livre de abstrações infrutíferas, seguindo um método racional e experimental na construção do conhecimento. Em seu primeiro aforismo já deixa claro que o homem é intérprete da natureza, portanto não sabe nem pode fazer mais do que lhe é permitido com a "observação dos fatos ou pelo trabalho da mente".
Outro ponto importante é o aperfeiçoamento da técnica de pesquisa científica, pois assim como treinamos as habilidades manuais, também o fazemos com a mente. Defende ainda que nada se descobrirá de novo sobre a natureza se continuarmos a utilizar os mesmos métodos.
Para Bacon, a ciência é um conglomerado de descobertas que se faz com observação e experimentação, e só assim se controi o conhecimento - daí sua classificação como fundador da ciência moderna. Descarta silogismos e deduções, por confundirem-se devido à combinação das coisas. Elabora duas maneiras de pensamento: uma consiste em partir de princípios pessoais (sensações) para axiomas mais gerais, ou seja, certa antecipação da mente quanto aos eventos; a segunda, ascender de dados das sensações até a verdade mais generalizante através de experimentação e observação dos fatos.
O autor contraria toda a construção da filosofia grega, porque ela parte de abstrações para construção do conhecimento e não usa nenhuma doutrina. Para Bacon, o intelecto sem apoio é incapaz de chegar à verdade. Sua negação da dialética advém ademais do uso de axiomas constituídos pela argumentação pelos gregos, posto que a profundidade da natureza lhe é muito superior ao alcance dos argumentos.
Considera a antecipação a forma corrente de pensamento científico à sua época e a faz seu objeto de crítica. Alerta para a dificuldade de instaurar novo paradigma na ciência quando o corrente questiona não só os resultados, mas até o próprio método, principalmente porque a analogia é o principal meio de compreensão de tudo que é novo.
Bacon conceitua também os ídolos, que são bloqueios à mente humana, em 4 tipos: os da tribo, que fazem o intelecto humano, de maneira geral, funcionar como um espelho que deforma toda imagem que passa por ele; os da caverna, que distorcem a realidade pela natureza individual do ser humano, que busca no seu mundo reduzido, não na amplitude do universo; os do foro, que são ilusões dos humanos em decorrência do discurso; e os do teatro, que representam fábulas e mitos. Para exemplificar um ídolo do foro, utiliza algumas palavras tomadas como concretas que têm múltipla significância, como terra, leve, denso, etc.
Bacon descreve minuciosamente as imperfeições da sofística (que pode levar a enganos ao deturpar a experiência, quando se quer chegar a determinado resultado), o perigo do empirismo (que com seu experimentalismo excessivo pode perder o objetivo) e a redundância da escolástica (que abandona de todo a experimentação ao creditar tudo ao plano divino).
Polêmico, visionário e questionado em seu tempo, Francis Bacon foi um brilhante filósofo que elaborou um eficiente método científico. Embora seja hoje demasiadamente pragmático, aplicado à sua realidade, foi uma verdadeira revolução. Bacon foi um verdadeiro filósofo da ciência.

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