A obra “A Ideologia Alemã”, de Marx e Engels,
apresenta a síntese de três princípios básicos sobre o modo de produção no qual
nós estamos inseridos, garantindo um guia de sobrevivência e perseverança
através de uma leitura que prima por frisar, de maneira cronológica, o
entendimento do homem burguês que se distingue dos animais logo que começa a
produzir seus meios de subsistência, algo que, indiretamente, produz também sua
vida material, a criação da própria identidade de acordo com o trabalho e a
universalização dos pensamentos da classe dominante.
O fim da dependência da natureza, tido como o
grande avanço que iniciou o antropoceno, determinou não só a garantia de
subsistência, como também um método de separação hierárquica entre os homens ao
instituir a posse de algo através do mérito da produção do mesmo. Desse modo, a
antiga horizontalização do grupo com divisão igualitária do trabalho em
diferentes funções deu lugar ao uso da propriedade como determinante na
caracterização de uma vida material, na qual o que você têm institui quem você
é e o quanto você deve trabalhar.
Ao seguir esse segundo princípio básico do
nosso modo de produção é feita uma clara distinção entre o vencedor (burguês
dono do meio de produção) e o perdedor (trabalhador assalariado comum). Porém,
não é uma verdade incontestável o questionamento da validade desse modo de vida
e, de maneira majoritária, o discurso do “mérito” do vencedor em subjugar seu
semelhante por fins materiais é o mais propagado. Sendo assim, vende-se o pensamento
da classe dominante como uma ideia universal a ser seguida e perpetua-se a
exploração dos iludidos trabalhadores engajados em uma ideia de mérito rara e
falível.
Portanto, a cruel visão capitalista explicada
na obra “A Ideologia Alemã” mostra o início da ideia que molda seus indivíduos
para serem o que produzem ao invés do que sonham, para seguirem o que os domina
e não o que pensam e, para produzir uma vida material no lugar de uma vida
natural. Logo, cada sujeito nasce com um valor e, para os menos valorizados, a
única chance de perseverar é produzir até garantir uma propriedade que valha
mais do que a vida de um semelhante e o suficiente para designar a ideia de
mérito burguesa.
Guilherme Trevisan, 1° ano de Direito Matutino, RA:231220359
Nenhum comentário:
Postar um comentário