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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Mensagem (a)temporal

     Caros amigos,

     Há um tempo, percebi que os modos de viver propostos por cada um de vocês não são passíveis de realização. Percebam: o ser humano não é capaz de opinar em nenhum aspecto de sua vida, visto que todos acontecimentos e pensamentos que o rodeiam estão presentes em toda a sociedade em que vive, além destes já serem naturais a ele.
     Dessa forma, René, quando você diz, em sua obra “O discurso do método”, que resolveu romper a tradição e escrevê-la em francês, e não em latim conforme faziam os seus mestres, como algo individual e seu, você apenas migrou de uma ideologia já pronta para outra, a qual os seus contemporâneos julgavam melhor.
     Outrossim, Francis, ao nos sugerir que abandonemos nossas pré-noções antes de analisar algo para não julgarmos erroneamente, você não levou em consideração que todas as nossas noções são pré-noções. Isto é, ao sermos educados, ainda no começo de nossas vidas, recebemos a ideologia presente na sociedade, tanto dos nossos pais, quanto dos nossos professores, mesmo que seja de forma inconsciente. Assim, mesmo que eu abandone algumas pré-noções nocivas ao convívio social, não será possível abandonar todos, visto que mesmo que eu me proponha a pensar diferentemente de grande parte das pessoas, ao mudar de concepção e encontrar uma nova, do mesmo modo que disse a Descartes, ainda terei pré-noções, seja do pensamento A, seja do pensamento B.
     Por outro lado, Auguste, você, ao julgar alguém ou um fato social, não tenta olhar o interior deles e perceber qual motivo os levaram ao seu fim, você enxerga apenas a sua casca, a sua película. Porém, em um estado de anomia, quando as coisas fogem do natural, devemos procurar olhar o núcleo do fato.
     Por fim, espero que não se chateiem por eu tê-los utilizado como exemplo para expressar a minha ideia. Posso estar cometendo um grande equívoco ao propô-la, como posso não estar. Talvez, futuramente, seja eu o remetente de um novo pensador ao apresentar seus pensamentos. Peço, de novo, que não se zanguem: os considero muito.

                                                                                                                                             Émile D.

Bruna Benzi Bertolletti - 1º ano diurno

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