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sexta-feira, 24 de julho de 2020

O Positivismo e sua desconexão com a realidade


       O Positivismo, corrente sociológica do século XIX, criada pelo filósofo francês Auguste Comte, tem como característica descrever o desenvolvimento das sociedades sob a ótica de certos valores que o autor considera elementos centrais de sua visão a ordem e o progresso. Comte, procura estudar a sociologia como uma ciência exata, para isso ele se utiliza apenas de experimentações e assim tenta se equiparar à física e a matemática, tentando criar um modo único de se estudar a sociedade, não compreendendo o fenômeno social como algo diverso, nem as variáveis de todas sociedades ao longo da história.
      Com isso, o Positivismo tem uma perspectiva totalmente limitada sobre o desenvolvimento das sociedades, por ter essa ideia de que todas as sociedades vão chegar ao mesmo tipo de organização social. Nesse sentido o mundo atual, composto de uma pluralidade social e cultural se opõe a lógica positivista. Mas, infelizmente, muitos ainda acreditam nesse pensamento retrógrado e desenvolvem análises totalmente equivocadas sobre a realidade.
       Um exemplo disso é texto “Mentiras Gays”, do escritor brasileiro Olavo de Carvalho, no qual o autor “explica” a homossexualidade de uma maneira absurdamente desrespeitosa e não condizente com a realidade, utilizando argumentos extremamente apelativos como relacionar a sexualidade de certos personagens históricos (tiranos como Calígula) com a suas ações deploráveis. Além disso, Olavo fala que as minorias como os gays não precisam de direitos específicos, pois eles são humanos como todos os outros e já tem seus direitos positivados por convenções internacionais e constituições, porém o mesmo se abstrai da realidade na qual está inserido e incapaz de perceber o preconceito histórico que tal grupo sofre, impossibilitando que esses indivíduos usufruam plenamente de seus direitos e ignora dados como o do Grupo Gay da Bahia, que revela a assustadora estatística de que a cada 23 horas o Brasil registra uma morte LGBT, pelo simples fato da vítima não pertencer ao padrão hétero normativo.
      O autor também estabelece uma escala de importância entre os tipos de relacionamentos classificando o homossexual como menos importante, por este não garantir a sobrevivência da espécie, mostrando mais uma vez uma imensa falta de caráter e o seu total desrespeito com essas pessoas por classificar o sentimento destas como algo inferior e prejudicial para a sociedade. Por fim, o discurso de Olavo se mostra totalmente equivocado e pautado em argumentos não condizentes com a realidade vigente, que apenas expressam o seu desvio de caráter e sua visão míope dos fenômenos sócias.
 
Lucas Passos Duran Netto  1ano-direito diurno

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